Page 44 - Nos_os_bichos
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O cão deu ordem para começar o jogo e a equipa P (que era a do pássaro) começou logo a atacar. Eles
remataram à baliza e o peixe defendeu como pôde. Passado um bocado, o pássaro marcou um golo e a equipa
festejou. O caracol já estava a perceber que era mais difícil do que ele pensara…
O árbitro apitou para o intervalo e o caracol, com a sua voz esganiçada, motivou a equipa, dizendo:
-Nós temos a melhor equipa! Juntos, somos mais fortes! Vamos para dentro de campo mostrar quem é
a melhor equipa!
Os jogadores retornaram ao campo. A meio da segunda parte, já estavam mais confiantes.
Passado um bocado, o elefante marcou um golo de cabeça, depois de um pontapé
de canto batido pela lebre.
O cão deu mais dois minutos e foi o suficiente para o caracol marcar o golo da
vitória.
Ganhou a equipa do caracol!
Os capitães de equipa, no final do jogo, encontraram-se no exterior e conseguiram
falar civilizadamente. E até fizeram as pazes!
João Vieira
O galo despertador
A história que eu vou contar passou-se numa velha quinta, cujo proprietário era um homem que, desde
pequeno, era fazendeiro.
Ora, nesta quinta, havia todo o tipo de animais: galinhas e galos, porcos, vacas, patos, ovelhas...
Certo dia, já cansados de serem acordados todas as madrugadas pelo galo, os animais reuniram-se para
arranjar uma solução para o seu problema. A porca, muito irritada, virou-se para o grupo e disse:
-Isto não pode continuar assim! Os meus porquinhos precisam de dormir e todas as madrugadas são
acordados pelo maldito galo!
-Concordo com a nossa amiga porca!- disse a ovelha.- Todos nós precisamos de descansar e, desde
que o galo veio para cá, nenhum de nós o consegue fazer!
A vaca, que era a mais pacífica do grupo, respondeu:
-Concordo convosco, quando dizem que o galo é muito irritante, mas acho que
devíamos esperar mais uns dias, antes de tomar uma decisão quanto ao que fazer com ele.
-Tudo bem!- exclamaram os animais.- Podemos esperar mais uns dias.
Enquanto os animais conversavam uns com os outros, a mulher do fazendeiro tinha
apanhado uma gripe e, para a fazer sentir melhor, o fazendeiro decidiu fazer-lhe uma canja. E assim fez: saiu à
rua e matou o galo.
Apesar de não terem tomado uma decisão quanto ao que fazer com o galo, os animais ficaram muito
felizes com a sua morte. Mas a sua felicidade não durou muito tempo. Sem o galo, o fazendeiro não acordava à
hora certa, o que, por sua vez, fazia com os animais não comessem a horas certas, passando muitas vezes
fome.
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