Page 61 - Nos_os_bichos
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tartaruga boa, como todos nós, alguém que comete erros, mas é compreendida por aqueles que magoou, porque
                  é suficientemente humilde para admitir que fez algo de errado.
                        Ruguinha não parecia zangada, pelo contrário, parecia ter percebido o que Tixa lhe dissera! Ela parecia
                  sentir que poderia mudar tudo o que pensavam sobre ela, se pedisse desculpa.

                        - Obrigada por acreditares em mim, Tixa.
                        Depois de agradecer à lagartixa, a tartaruguinha foi tentar fazer as pazes com os outros bichos.
                        No dia seguinte, as coisas pareciam mais calmas do que alguma vez tinham estado. Os animais estavam
                  todos reunidos e felizes. Tixa tinha razão, Ruguinha era apenas uma tartaruguinha solitária, que precisava que

                  alguém  acreditasse  nela  para  que  se  pudesse  sentir  integrada  com  os  outros  bichos  e  tornar-se  uma
                  tartaruguinha boa.
                        Foi assim que tudo terminou bem naquele charco. É preciso não esquecer que
                  tartaruguinhas más podem mudar e que pequenos girinos não precisam de temer o seu

                  futuro, apesar de o caminho para lá chegar ser longo e difícil. Felizmente, nesta história
                  tudo acabou bem para o pequeno girino, que se tornou um grande sapo; para a lagartixa,
                  que se transformou numa maravilhosa borboleta; e para a tartaruguinha, que cresceu
                  muito feliz rodeada de amigos.

                                                                                               Ana Barata

                          As provocações do pássaro


                        Era uma vez um Pássaro muito maldoso que gostava de criticar os outros e de lhes fazer coisas más.
                        Todos os dias, pousava no seu ramo preferido, na sua árvore preferida ao pé do lago, pois dali ele tinha

                  vista para tudo o que acontecia à sua volta e podia observar todos os animais. Gostava de criticar tudo o que
                  eles faziam e gostava especialmente de criticar a sua aparência e de gozar com eles, pois ele, pelo contrário,
                  era o animal mais bonito que vivia nas imediações do lago, com tons de azul clarinho na sua penugem e tiras
                  de azul-escuro nas suas asas.

                        Nunca ninguém lhe disse nada. Na verdade, todos eles se deixavam afetar pelos seus comentários e
                  pelas suas partidas maldosas, até que, um dia, tudo iria mudar.
                                                 Era um dia como outro qualquer e o pássaro, como sempre, perscrutava
                                           tudo e todos. De repente, os seus olhos fixaram-se num Sapo que nunca tinha

                                           visto no lago. O Pássaro observou-o bem e, passados uns segundos, decidiu ir
                                           ter com ele para lhe dar as boas-vindas ao lago, ou, pelo menos, era isso que
                                           o Pássaro queria que ele pensasse.
                                                     A ave pousou graciosamente no chão, ao pé do buraco na árvore

                                           e, logo de seguida, perguntou:
                          - Olá, amigo! És novo aqui no lago?- perguntou, com um sorriso falso.
                          O Sapo virou-se bruscamente e, ao vê-lo, respondeu:
                          -Olá! Sim, acabei de chegar aqui ao lago e, como podes ver, já estou a começar a construir a minha

                  casa.

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