Page 62 - Nos_os_bichos
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-Ah, bem me parecia que nunca te tinha visto por aqui. Bom, só vim aqui para te dar as boas- vindas.
                  – disse o Pássaro, sem desfazer o seu sorriso falso.
                          - Muito obrigado. Desculpe estar a pedir-te favores, mas será que podes ir buscar aquele balde de
                  folhas e despejá-lo dentro do buraco, por favor? – pediu o Sapo, enquanto apontava para o balde.

                        - Claro, tudo por um amigo!
                        Enquanto o Sapo arrumava umas coisas fora do buraco, o Pássaro voou até ao balde e pegou nele, mas,
                  em vez de ir para a casa do Sapo, foi em direção ao lago onde despejou as folhas para o chão e encheu o balde
                  com água, regressando para o local indicado.

                        O Sapo, ao ver o Pássaro, ficou contente e logo a seguir fez-lhe sinais a dizer que podia despejar o
                  balde, supostamente cheio de folhas, dentro do buraco na árvore, que era a sua casa. A ave despejou o balde
                  dentro da casa e a ela ficou inundada de água. Ao ver aquilo, o Sapo olhou para o Pássaro em pânico e, quando
                  ele foi para dizer algo, foi logo interrompido pelo riso histérico do Pássaro que rebolava no chão de tanto rir.

                        O Sapo, devastado com o que tinha acabado de acontecer, olhou para o Pássaro mais uma vez e
                  perguntou:
                        -Por….Porquê? Eu não te fiz nada ….Então porque fizeste isto?
                        O Pássaro, depois de ouvir a pergunta do Sapo, parou de rir, levantou-se do chão, observou a expressão

                  na cara do Sapo e lançou uma última gargalhada.
                        Ainda pasmado com a atitude do Pássaro, o Sapo perguntou outra vez:
                        -Para de te rir e responde-me. Porque é que fizeste esta maldade?- perguntou o Sapo com uma cara
                  séria, ainda refletindo sobre o que tinha acabado de acontecer.

                        -Como assim “amigo”? Não é óbvio? AHAHAHAH- disse, o Pássaro - Então …. É óbvio que foi só uma
                  partida …e que partida! AHAHAH, esta foi uma das minhas melhores partidas, esta vai ficar para a história.
                  Anima-te…- disse o Pássaro com um grande sorriso na cara, enquanto pôs a mão no ombro do Sapo, que a
                  retirou imediatamente.

                        -Uma  partida……Foi  só  uma  partida….Anima-te?  Diz-me  como  queres  que  eu
                  esteja contente, quando a minha casa acabou de ser destruída por ti? Só para te rires um
                  bocado.- disse o Sapo já com as lágrimas nos olhos.
                        Depois, acrescentou:

                        - Sabes, um dia destes alguém ainda te vai fazer a mesma coisa e tu não vais gostar
                  e, se isso acontecer, eu espero que te apercebas que é assim que eu e provavelmente mais animais nos
                  sentimos, depois de tu nos maltratares. - disse o Sapo, já a virar as costas ao Pássaro e a ir embora.
                        O Pássaro, sem dizer mais nada, levantou voo e foi até ao seu ramo, mas, ao chegar lá, apercebeu-se

                  de que ele já estava a ser ocupado por uma Águia enorme e assustadora, que decidira pregar uma bela lição a
                  esta ave atrevida e rude.
                        Ao ver a Águia a ocupar o seu ramo preferido, ele não conseguiu controlar-se, foi ter com ela e disse-
                  lhe:

                        -Sai já daí! Esse é o meu ramo, estás a ocupar o meu lugar. Sai agora!- exclamou o Pássaro enervado.




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