Page 63 - Nos_os_bichos
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-AHAHA, porque é que eu tenho sair daqui? Só por causa de um pequenote como tu que diz que eu
estou no seu lugar? AHAHA…é melhor ires procurar outro ramo. Há muito tempo que precisavas de aprender
uma lição e de beber do teu próprio veneno. - disse a Águia, olhando com desprezo para o pequeno Pássaro.
-Estás a fazer-me frente?- disse o Pássaro, ainda mais enervado e cada vez mais convencido - Fica já
sabendo que eu sou muito importante nesta zona do lago e, se não saíres já daí, eu vou amaldiçoar-te com uma
vida inteira de partidas. Não vais poder dormir nem comer, com medo que eu apareça e te faça uma partida.
Agora sai!- gritou o Pássaro.
-AHAHAH! És importante por aqui? AHAHA, não acredito. – disse a Águia, enquanto se ria.
-Porque é que não acreditas? Não és capaz de te aperceber que sou importante, não consegues ver
como sou bonito e gracioso? – disse o Pássaro, com uma cara orgulhosa.
-Bonito? Gracioso? ……Não sei onde. Tudo o que eu vejo é um passarinho convencido, que acha que é
muito importante, só porque está sempre a dizer mal dos outros e está sempre a tornar a vida dos outros
miserável.
Logo de seguida, a Águia esticou as patas, agarrou o ramo com o seu bico e começou a fazer força para
arrancá-lo da árvore. Enquanto isso, o Pássaro, em pânico, temendo a destruição do seu poleiro favorito, gritava
e implorava à Águia para parar, dizendo que aquele ramo era uma das coisas mais importantes na sua vida.
Mas de nada serviram estes pedidos, pois a Águia já tinha conseguido arrancar o ramo.
-Não! Não ….Não! – dizia o Pássaro, repetidamente.
-Que se passa, Pássaro? Foi só uma partida. Pensei que gostasses de partidas! AHAHA- dizia a Águia,
enquanto se ria e ia embora com o ramo.
O Pássaro ficou a chorar, em silêncio, durante uns longos minutos e, de repente, lembrou-se de tudo
aquilo que o Sapo lhe tinha dito e pensou “Agora já sei como eles se sentem. O Sapo e todos os animais que
eu maltratei tinham razão. Não tem piada!” E foi nesse momento que o Pássaro aprendeu uma lição muito
importante, da qual ele se iria lembrar para sempre: “Não se deve fazer aos outros aquilo que não gostamos que
nos façam a nós.”
Beatriz Rainho
Tobias
Tobias era um gato bastante diferente dos outros. Ele era um gato muito tímido e racional, enquanto
todos os outros gatos eram mais destemidos e independentes.
Todas as noites os gatos iam para a rua conviver, mas nunca convidavam Tobias, pois eles insistiam em
excluí-lo e em gozarem com ele.
O único amigo do Tobias era Candy, que era um gato bastante meigo e sociável.
Todas as noites Candy dizia a Tobias:
- Se tu não vais conviver com os amigos, eu também não vou.
Tobias respondia sempre:
- Vais e vais divertir-te. De qualquer maneira, eu não queria ir.
E assim era. Tobias passava a noite na casa da sua dona e Candy ia conviver com os outros gatos.
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