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2º Conto: Uma História de amor Compromisso assUmido no plano espiritUal
Mas, como seres humanos, não vejo diferença ―aproveitou o silêncio dos
pais e prosseguiu:― Acho também que as aquisições morais, espirituais, a
intelectualidade. Veja você! a mãe, eu e nossos irmãos temos estudo, alguns
já formados. Eles, não. E por que isso acontece? Será se é somente com estes
nossos empregados? Não papai aqui é apenas um caso, na verdade, isso acon-
tece no mundo todo porque as pessoas ainda não vivem a lei de amor, a lei
de igualdade e não se permitem se misturar com os outros, porque acreditam
serem melhores. E eu pergunto: Melhores em quê mesmo? Também vou res-
ponder: melhores no orgulho, no egoísmo, na usura, na ganância― respirou
profundamente emocionada e continuou.― Eles poderão, sim, ser melhores
do que nós, porque eles nos servem, nos ajudam, eles poderão, sim, papai e
mamãe ser melhores em humildade, em bondade, em caridade.
Parou por um instante, parecia receber inspiração do Alto: ―O Se-
nhor e a Senhora já observaram o trabalho deles no pasto? Eu já, e sei
que eles trabalham contentes. Dona Regina, nossa cozinheira, faz o nosso
alimento, coitada, sempre sorridente. O seu Zé, o nosso capataz, sempre
recebe as suas ordens com todo prazer, a nossa Tia Joaquina sempre no seu
cantinho, mesmo cega, sem amargor por ter sido molestada, por nós, no
tronco quando jovem, vive feliz, ajudando a todos com as suas rezas, com
as palavras amigas, com o seu imenso amor, ela tem realizado muitas curas,
com a ajuda de Deus. Vocês já viram os trabalhadores na lavra, no pasto de
capim, na colheita dos grãos?
Liz percebeu que estava no rumo certo para tentar convencer seus
pais, e continuou firme: ―Precisam observar mais os seus movimentos. To-
dos trabalham contentes. Eu, desde criança, aprendi a observar e a valorizar
os esforços desta gente e gostaria que vocês repensassem as ações de vocês
com relação ao tratamento que estão dando a eles.
Os pais de Liz permaneceram em silêncio. Amavam demais a filha,
enquanto ela falava eles viram que ela estava com toda razão.
O quadro exigiria, da parte deles, mudança.
Mas o pai de Liz não queria se precipitar, iria refletir mais e pedir aju-
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