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Unidade I




                                         No léxico de uma língua, agrupamos nomes em classes.  Violeta,  rosa,
                                         margarida  pertencem  à  classe  das  flores. Mostrar  uma  margarida  não
                                         exprimiria a classe  flor. Exibir um objeto não exprime as categorias
                                         gramaticais, como a do singular ou do plural. A língua não é um sistema
                                         de mostração de objetos, pois a linguagem humana pode falar de objetos
                                         presentes ou ausentes da situação de comunicação. Aliás, o objeto nem
                                         precisa existir para que falemos dele, pois a língua pode criar universos de
                                         coisas inexistentes.


             Com base nessa explicação, o autor dá o exemplo da palavra pôr do sol. Do ponto de vista científico,
          não existe pôr do sol, porque, se existisse, o Sol giraria em torno da Terra. Esse conceito foi criado pela
          língua e determina uma realidade que encanta a todos nós. Ainda segundo o autor, uma “nova realidade,
          uma nova invenção, uma nova ideia exigem novas palavras, mas é sua denominação que lhes confere
          existência.” (FIORIN, 2006, p. 56)


             A maneira como vemos o mundo varia de língua para língua. Por exemplo, como definir a palavra
          prima em português? A palavra tem mais de um conceito; então, a restringiremos ao campo lexical da
          música. Como resultado, podemos ter:


             Prima significa corda que emite som mais agudo em instrumento como violino, guitarra.

             Por que usamos a palavra “corda”? Ela é sinônimo de barbante. Por que não definimos prima
          como “barbante que emite som mais agudo...”? O conhecimento intuitivo juntamente com nossa
          convivência com outros falantes da língua portuguesa nos leva a selecionar o léxico. Outros
          casos:


             •  matar a fome (e não assassinar a fome);

             •  dormir profundamente (e não dormir exatamente);

             •  comer frutas, verduras, acarajé, peixe, bolo (e não laranja, manga, pirulito, picolé);

             •  chupar picolé, pirulito, laranja, manga (e não verduras, peixe, bolo);

             •  tomar sorvete, caldo, sopa, mingau (e não peixe, pirulito, manga).
 Revisão: Leandro - Diagramação: Léo  - 14/07/2011  a ordem em que os seres se encontram (primeiro, segundo...), aumento proporcional de quantidade
             Para encerrar esta parte de conhecimento lexical, que envolve tantos aspectos e nuances devido à
          riqueza de uso, apontarei mais dois casos.


             Temos na nossa língua os numerais, que são palavras que indicam quantidade (um, dois, três...),


          (duplo, triplo, quádruplo...) e a divisão dos seres (um meio, um terço...).


             No entanto, ao contrário do que pensamos ou a gramática nos ensina, os números são frequentemente

          numeral a seguir?

      40  usados para dar qualidade aos objetos. O que significa, caro aluno descrente da minha afirmação, cada
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