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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO




                •  (críticos, comentaristas, analistas, articulistas, correspondentes e outros) que    poderão
                  expor


                No Manual, fica claro que a concordância verbal consiste na relação entre o ser responsável pela
            ação do verbo e o verbo. Assim, se o repórter, por exemplo, “entrar” com opiniões no fato descrito
            ou “colocar” uma justificativa para um determinado evento, assume os atos de entrar e colocar (ou
            melhor, de dar opinião), mas ao assumir tais atos desconsidera seu papel como mero transmissor de
            informação. O ser que tem opinião, que pode expressar seus julgamentos, é o próprio jornal, um ser sem
            existência autônoma. Afinal, quem expressa sua opinião? O autor do Manual completa que as opiniões
            são expressas em editoriais, significando que o editor é o único com direito à função opinativa no
            mundo das notícias.


                Seguindo esse mundo, em confronto com nosso conhecimento morfológico quanto à flexão verbal,
            encontramos manchetes jornalísticas interessantes:


                •  Desemprego sobe pelo 2º mês e é o maior desde agosto, aponta IBGE.

                •  Crise traz de volta ao país 400 mil “expatriados”.

                •  Ônibus param de novo no Rio.


                De jornais diferentes, o leitor recebe essas e outras manchetes diariamente. Nelas, há a relação de
            combinação entre o substantivo e o verbo:

                •  desemprego        sobe

                •  crise      traz

                •  ônibus       param


                Em uma sociedade cada vez mais impessoal, não estranhamos esses tipos de relação, exceto se
            aparecer “desempregos sobe” em clara falta de concordância. Não discutimos, em resumo, a relação
            de responsabilidade entre o substantivo e o verbo. Nos casos exemplificados acima, o desemprego
            é responsável pela ação subir; a crise, pelo ato trazer; os ônibus, por pararem. À parte a linguagem
            metafórica,  metonímica etc.,  presenciamos  a  ausência  dos  verdadeiros  responsáveis  pelos  atos
            noticiados: a) qual é a causa da aumento do desemprego no país? Que grupo ou grupos sociais são
            os causadores? b) qual é a causa da crise? Que grupo ou grupos sociais são os causadores? c) se
            ônibus param é devido ao ato dos motoristas e, se estes param de trabalhar, qual grupo ou sociais
            causadores?


                Outro conhecimento intuitivo que temos da língua é sobre o afixo -mente, que não é                      Revisão: Leandro - Diagramação: Léo  - 14/07/2011
            acrescentado a qualquer palavra, tal como na associação “cantar + mente = cantarmente”,
            apresentada em páginas anteriores neste livro-texto. Assim, em qual palavra você acrescentaria
            esse sufixo?




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