Page 22 - Cinemas de Lisboa
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Salão do Rocio / Animatógrafo do Rossio (1907-1984)







































                  O "Salão Rocio", mais conhecido por "Animatographo do Rocio", fundado na Rua dos Sapateiros junto
                  ao Arco do Bandeira. pelos irmãos Ernesto Cardoso Correia e Joaquim Cardoso Correia, foi inaugurado
                  no dia 8 de Dezembro de 1907, com a longa metragem muda “A Aventureira”. Propriedade da empresa
                  "Correia & Correia", entretanto criada para o efeito pelos dois irmãos Correia, a sua construção orçou em
                  dez contos de réis, soma  avultada para a época.

                  Acerca do “Arco do Bandeira”, o olissipógrafo Norberto de Araújo no seu livro, "Peregrinações em
                  Lisboa" Volume XII páginas 75 e 76 escrevia: «o prédio com seu arco e janelão, foi construido no final do
                  século XVIII, quando a Praça pombalina ganhava tessitura de edificação urbana, por um capitalista Pires
                  Bandeira, (...) no primeiro andar deste prédio, com entrada pela Rua dos Sapateiros (do Arco do
                  Bandeira) e ocupado o salão onde se abre o janelão setecentista, fica o velho Grémio Lisbonense. (...) A
                  propriedade pertence ao Marquês de Santa Iria, que a adquiriu ao Conde de Casal Ribeiro, a quem o
                  magnifico prédio adviera por casamento com D. Emília Vanzeller». in blog “Ruas de Lisboa com Alguma
                  História”.

                  No ano seguinte à sua abertura, em 1908 a empresa exploradora do “Animatographo do Rocio” , opta
                  por um programa de espectáculos de  variedades, construindo então um palco e contratando diversas
                  cançonetistas espanholas.

                  Apesar de ter sido criado para a exibição cinematográfica, alguns anos depois da sua abertura, exibiria
                  peças de Teatro, com um grupo infantil, dirigidos pelo consagrado actor João Silva. Recordo que este
                  actor, entrou três filmes portugueses: “Aldeia da Roupa Branca” (1939), “O Pátio das Cantigas” (1942) e,
                  em 1943 no “Costa do Castelo” em que faria o papel de “pai Januário” padrinho da "Luizinha" (Milú).

                  Passadas umas quantas épocas teatrais o "Animatographo do Rocio" voltaria, em 1915, à sua vocação
                  inicial, o cinema, ano em que foi dissolvida a companhia infantil de teatro.

                  A fachada  do cinema é das mais características, constituindo ainda hoje  em Lisboa um dos raros
                  exemplos do chamado estilo "Arte Nova".  A este propósito  Ergoni, pseudónimo que escondia, sem







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