Page 81 - Cinemas de Lisboa
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por ser aprovado e  o cinema acabou por ser ampliado, passando  a ter uma lotação distribuída  por 6
                  camarotes de 4 entradas, 2 de cinco lugares, 102 nos balcões, 37 fauteuils, 281 cadeiras e 119 gerais.

                  Em consequência disto, em 1930 é constituída a empresa “Sociedade Geral de Cinemas, Lda.”, gerida
                  por Víctor Alves da Cunha Rosa e o seu filho, Jayme da Cunha Rosa, que leva a cabo a construção de
                  uma nova casa de espectáculos na Rua Domingos Sequeira, nº 30, que teria a sua designação mais
                  conhecida por “Paris-Cinema”.

                  O autor do “Paris-Cinema”, mencionado no início, o arquitecto Victor Manuel Carvalho Piloto, criou uma
                  sala de cinema de bairro  que estava  apetrechada com todas as comodidades, de modo a conseguir
                  atrair público. A sala tinha 885 lugares divididos entre plateia, balcão e camarotes. Em 1931, enquanto o
                  antigo “Cine Paris” era encerrado, este novo cinema instalava a aparelhagem sonora da marca “R.C.A.
                  Photophone”.  Alguns anos depois, esta seria substituída por outra  da marca  “Zeiss-Ikon”.  O balcão
                  possuía termómetro, os camarotes estavam providos de mesas para serviços de chá e existiam alguns
                  lugares isolados, de modo a evitar que os espectadores fossem incomodados.






























                  O edifício fixou-se numa superfície simples, de tratamento decorativo Art Deco, com apoio no seu arranjo
                  interior do pintor Jorge de Sousa, de onde se salientavam as 4 peças escultóricas (baixos relevos) do
                  escultor Simões de Almeida (sobrinho) situadas no “foyer” do balcão. Pena que nos anos 50 do século
                  XX tenha sido algo desvirtuado, em parte devido a obrigações regulamentares, tendo no entanto sido na
                  sua sequência feita a encomenda da pintura mural na grande “sala de fumo”, igualmente do balcão, ao
                  pintor Paulo-Guilherme (d’Eça Leal).

                  Esta sala  de cinema, competia com as  salas  maiores que surgiram na mesma altura como o “Cine-
                  Teatro Éden” e o cinema “Cinearte”, e mais perto, no bairro de Campo de Ourique, o cinema “Europa”,
                  inaugurado no mesmo ano e três meses antes, em 14 de Fevereiro de 1931.
                  O “Paris-Cinema” encerrou definitivamente em 20 de Outubro de 1981, exibindo pela última vez o filme
                  “Esquadrâo Antidroga”. Desde então tem vivido uma degradação total, sem resolução à vista.
                  «Só é pena que as antigas e belissimas salas de cinema de Lisboa estejam literalmente a desaparecer.
                  Infelizmente,  desaparecem sem deixar rasto, não criando a  ponte entre a geração actual com as
                  memórias de um passado não muito distante.» citação do neto do fundador do “Paris Cinema”.

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                  Para consulta do respectivo artigo no blog “Restos de Colecção”, acedendo a mais fotos e  documentos,
                  com referência às fontes de onde foram retirados os mesmos e, igualmente, alguns reproduzidos aqui,
                  clicar no seguinte link:

                                    http://restosdecoleccao.blogspot.com/2015/01/paris-cinema.html





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