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Sistema prisional – pauta de necessidades

                                      Gilmar Bortolotto, Procurador de Justiça

                      A oportunidade de conhecer o sistema prisional é um privilégio de
               poucos. Como regra, apenas servidores penitenciários, presos, visitantes e
               algumas poucas autoridades é que têm contato com a realidade prisional.
                      Por  conta  de  uma  cultura  bastante  antiga,  também  a  informação
               qualificada resta encarcerada nas prisões,  dificultando uma análise que
               permita melhorar o que não está produzindo bom resultado. A informação que
               sai  das  cadeias  representa  uma  versão  pronta  sobre  uma  realidade
               desconhecida por muitos daqueles que buscam soluções. E quando se soma
               a isso a irracionalidade que pauta os debates sobre o assunto, o fracasso é
               quase uma certeza.
                      A superação dessa forma de pensar e agir passa pela resposta a
               uma pergunta: o que falta para que melhoremos nosso desempenho?
                      Apenas para exemplificar, no ano de 2006, o Estado contava com
               23.684 presos, número que subiu para 28.772 em 2014, representando um
               acréscimo de 636 presos por ano no período de oito anos. Entre 2014 e 2016,
               contudo,  o  número  de  presos  passou  de  28.772  para  35.016,  o  que
               representa um aumento de 3.122 detentos por ano em dois anos.

                      A massa carcerária do RS é composta por indivíduos jovens
               (66.64% até 34 anos) e  com baixa instrução (69.78% até com ensino
               fundamental  incompleto).  Também  é  preciso  considerar  a  dependência
               química como realidade  presente  para significativa parcela dos
               encarcerados.
                      Como dado oficial, 70% daqueles que passam pelos presídios a eles
               retornam,  índice  que  deveria  preocupar  a  todos  porque  representa,
               concretamente, a baixa qualidade de um serviço público relevante.

                      É evidente que a  geração  de vagas nas cadeias  é necessidade
               premente, mas  representa apenas  um  início para que  se implante  a
               civilização no sistema carcerário. Não se pode pensar que a superlotação e
               a barbárie que campeia nas prisões possa produzir bom resultado. Mas não
               é só.

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