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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR


               a explosão demográfica e os parcos e poucos recursos e investimentos na área da saúde,
               fazem com que o profissional, muitas vezes, tenha uma sensação de impotência frente ao
               sofrimento de milhares de pessoas, e, com isso faz crescer no seu íntimo, mesmo que de
               modo imperceptível, mecanismos de defesa em que cria uma verdadeira “casca”, não
               vendo na vítima uma pessoa, mas um objeto que necessita de seus cuidados profissio-
               nais, visto que não tem a solução para todas as mazelas criadas por falta de políticas pú-
               blicas de saúde.

                      Necessário foi ao Ministério da Saúde humanizar o serviço, através de um progra-
               ma próprio, visando atenuar os efeitos desumanizantes, que retira da pessoa humana seu
               mais importante valor: a dignidade.

                      No caso do atendimento pré-hospitalar, o conhecimento cientifico deveria ser, por si
               só, motivo de sucesso para um resultado positivo quando no socorro à vítima. O que se
               tem observado recentemente é que este fator, somado à estressante rotina dos numero-
               sos atendimentos diários nos grandes centros, bem como a fragilidade do ser humano,
               tanto do paciente como do socorrista (ambos envolvidos com sentimentos de respeito,
               simpatia, empatia, angústia, raiva, medo, compaixão), o que tem gerado problemas no
               atendimento à vítima. Deixamos de ver nele muitas vezes o ser humano que está necessi-
               tado, hora pelo enfoque direto no trauma, hora pela banalização do acidente.

                      Necessário, então, é falar em humanização no atendimento pré-hospitalar. Então: o
               que é humanização ? Podemos entende-la como valor, na medida em que resgata o res-
               peito à vida humana, levando-se em conta as circunstâncias sociais, éticas, educacionais
               e psíquicas presentes em todo relacionamento humano.

                      Humanizar o atendimento não é apenas chamar a vítima pelo nome, nem ter um
               sorriso nos lábios constantemente, mas também compreender seus medos, angústias e
               incertezas, dando-lhe apoio e atenção permanente.

                      O profissional humanizado deve apresentar algumas características que tornam o
               atendimento a um traumatizado mais digno:

                          ● Focalizar   não   somente   o   objeto   traumático,   mas   também   os   aspectos
                             globais que envolvem o paciente, não se limitando apenas às questões
                             físicas, mas também aos aspectos emocionais;

                          ● Manter sempre contato com a vitima, buscando uma empatia por parte da
                             mesma;

                          ● Prestar atenção nas queixas do paciente, tentando sempre que possível
                             aliviar a dor do paciente;

                          ● Manter a vitima, sempre que possível, informada quanto aos procedimentos
                             a serem adotados;

                          ● Respeitar o modo e a qualidade de vida do traumatizado;
                          ● Respeitar a privacidade e dignidade do paciente, evitando expor o mesmo
                             sem necessidade.





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