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DESAFIOS E PRECONCEITOS:



                                                              Embora  os  dados  mostrem  avanços  e  aumento  no  número
                                                           de motoristas femininas, o preconceito ainda é notório no meio.
                                                           Danyelle Alves de Oliveira, há cinco anos na profissão de motoris-
                                                           ta de caminhão, há um ano dirige uma Scania 400, transportando
                                                           grãos e defensivos agrícolas paletizados.  Apaixonada por cami-
                                                           nhões desde a infância, ao ter o exemplo de seu pai, afirma que as
                                                           dificuldades sempre existiram. “Muitos batem palma, incentivam,
                                                           mas já recebi muitas entortadas de nariz quando me viam atrás do
                                                           volante do caminhão”. Foram muitas portas fechadas, sem falar
                                                           na falta de experiência como carreteira, por isso foi um pouco de-
                                                           morado o processo até chegar onde está. Mas a vontade e paixão
                                                           por caminhões não a deixou desistir e hoje viaja pelo Brasil todo
                                                           levando sementes, defensivos, adubos, entre outros produtos.
                                                              A luta por melhores condições e por mais respeito no ambiente
                                                           de trabalho é considerada um dos grandes desafios que as mulhe-
                                                           res continuam enfrentando até hoje. Nos segmentos dominados
                                                           pelo sexo masculino, como a direção de caminhões, esse desafio ga-
                                                           nha uma proporção ainda maior. Luciene Oliveira Freitas de Paula
                                                           conta que teve muita resistência da parte dos colegas de trabalho
                                                           quando iniciou, mas com muita paciência, persistência e compe-
                                                           tência, conquistou seu espaço. Ela trabalha com uma escavadeira
                                                           hidráulica pela Prefeitura de Uberaba. “Quando cheguei no local
                                                           para fazer o teste para o serviço, uma mulher desdenhou de minha
                                                           capacidade e disse “Essa eu pago para ver”. E ela realmente viu,
                                                           pois a prova, que poderia ser realizada em 15 minutos, foi finali-
                           Luciene Oliveira Freitas de Paula  zada por Luciene em 3 minutos. “Todos os dias é um aprendizado
                                                           novo e não é fácil para nós, que somos mulheres, mães, esposas. É
                                                           muito puxado, principalmente nessa área, mas sou agradecida por
                                                           trabalhar com o que gosto”.  Afirma Luciene.
                                                              A cada ano que passa, as lutas femininas por igualdade e direito
                                                           de ocupar os espaços sociais que desejam, garantem boas conquis-
                                                           tas para as mulheres caminhoneiras e motoristas de veículos pesa-
                                                           dos. É o que confirma Valéria Fonseca, há três anos prestando ser-
                                                           viços à CODAU em um caminhão com carregamento de terra para
                                                           construção de galerias em Uberaba. “O mercado está abrindo para
                                                           as mulheres. A mentalidade de hoje tem ajudado muito para que a
                                                           mulher seja mais aceita e respeitada nesse meio”. Ela, que vem de
                                                           família de caminhoneiros, sempre teve o incentivo e isso ajudou
                                                           muito para que adentrasse no trabalho de motorista dos veículos
                                                           pesados. “Têm dias que é pesado, sofrido. Mas trabalhamos com
                                                           diversas máquinas, o que facilita muito meu trabalho”, finaliza.
                                                              Ser uma mulher caminhoneira e motorista de veículos pesados
                                                           é optar por todo um estilo de vida, que para muitos pode parecer
                                                           exaustivo e desafiador, mas para essas mulheres representa a li-
                                                           berdade da qual foram privadas no passado. Representa ainda, a
                                                           chance de crescimento e amadurecimento, a oportunidade de fa-
                                                           zerem seus próprios horários, suas próprias regras e viverem uma
                                                           aventura diferente todos os dias. Foi com muita luta e coragem
                                                           que, aos poucos, as mulheres conquistaram espaços, quebrando
                                                           barreiras  e  reivindicando  seus  direitos.  Mas  ainda  há  um  longo
               Valéria Fonseca
                                                           caminho para percorrer.



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