Page 126 - DEUS É SOBERANO - A. W. Pink
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Vontade Humana                                         121

                 2 Pode surgir a pergunta: Por que, se essa é a verdadeira condição
         do homem,  as  Escrituras  se  dirigem  à vontade  do  homem?  Não  está
         escrito:  “E quem quiser receba de graça a água da vida”  (Ap 22.17)?
         Reconhecemos,  sem restrições,  esse fato.  Tais exortações demonstram
         que o homem tem a responsabilidade de se arrepender, crer e receber a
         Cristo;  e  todos  esses  deveres  envolvem  a  reação  da  vontade.  Porém,
         como o demonstram outras passagens bíblicas,  se os homens  reagirão
         dessa forma ou não, depende do estado da natureza humana,  da qual a
         vontade é a expressão.  A vontade é a causa imediata das ações e não a
         causa primária.
                 Supõe-se constantemente que o homem não pode ser responsa­
         bilizado por sua resposta ao evangelho, a não ser que tenha a capacidade
         de escolher a Cristo;  assim,  geralmente tem-se admitido que o  “livre-
         arbítrio” e a responsabilidade humana são sinônimos e que não se pode
         negar um sem negar o outro.  É nessa confusa base que freqüentemente
         se levanta a acusação de que a Fé Reformada não dá o devido valor à
         responsabilidade do homem,  porque nega o seu  “livre-arbítrio”.  (Veja
         “Nota sobre a Responsabilidade”, p.  122)
                 O ponto de vista bíblico e reformado a respeito da responsabili­
         dade do homem é, de fato, muito mais profundo que o popular conceito
         arminiano. O homem é responsável não só por sua vontade, mas também
         por toda a sua natureza; e, enquanto essa natureza permanece na condição
         em que o pecado  (e não  Deus) a deixou,  ela  “não  aceita as  coisas do
         Espírito de Deus”  (1  Co 2.14) e não quer vir a Cristo para ter vida (Jo
         5.40).  Conseqüentemente,  embora todos tenham  o dever de receber a
         Cristo,  só  a  vontade  daquele  cuja  natureza  tenha  sido  renovada  pelo
         Espírito Santo é a que responde ao evangelho.  (Nota de  The Banner of
         Truth.)

                 3  Devemos  lembrar  com  clareza  que  a  Teologia  Reformada
         jamais nega, como às vezes se supõe, que o homem tem a “liberdade de
         agir”.  A  liberdade  de  agir  é  diferente  da  questão  do  “livre-arbítrio”
         (conforme esta expressão é geralmente usada) e não deve haver confusão
         entre essas duas expressões. Cf. Systematic Theology, de Louis Berkhof,
         p.  248,  e  Systematic Theology,  de Charles Hodge,  vol.  11,  pp.  260 e
         261.  Hodge  escreveu:  “A  doutrina  da  incapacidade  do  homem  não
         pressupõe  que  ele  tenha cessado  de  ser um  agente  livre,  do  ponto  de
         vista moral.  Ele é livre porque determina os  seus próprios  atos.  Cada
         escolha  é  um  ato  de  livre  autodeterminação.  O  homem  é  um  agente
         moral livre, porque tem consciência da obrigação moral,  e, sempre que
         peca,  age livremente contra as convicções da consciência ou contra os
         preceitos da lei moral. O fato do homem estar em uma condição, que, de
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