Page 123 - DEUS É SOBERANO - A. W. Pink
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           o  evangelho  ao  pecador.  Imaginam  o  pecador  como  um
           enfermo, acamado, com o remédio para curá-lo, posto sobre
           a mesinha a seu lado;  tudo o  que o pecador precisa fazer é
           esticar  o  braço  e  tomar  o  remédio.  Mas,  para  que  essa
           ilustração retrate de maneira justa o quadro que a Bíblia nos
           fornece  sobre o pecador caído e depravado,  há necessidade
           do homem  enfermo  e  acamado  ser descrito  como  cego  (Ef
           4.18), de tal modo que não pode ver o medicamento, e tendo
           a mão paralisada (Rm 5.6), de tal forma que não pode apanhar
           o remédio.  Além disso,  seu coração deve  ser mostrado não
           apenas como sendo destituído de total confiança no remédio,
           mas também cheio de ódio contra o próprio médico (Jo 15.18).
           Quão superficiais são os pontos de vista hoje em dia defendidos
           quanto  à  desesperadora  situação  do  homem!  Cristo  veio  à
           terra  não  para  ajudar  àqueles  que  estavam  dispostos  a
           ajudarem-se a si mesmos, mas para realizar, em prol do seu
           povo,  aquilo que eram incapazes de fazer por si mesmos, ou
           seja,  para  abrir  os  olhos  aos  cegos,  para  tirar  da  prisão  o
           cativo e do cárcere os que jazem nas trevas (Is 42.7).
                  Concluindo,  discutiremos  agora  a  objeção  usual  e
           inevitável:  por que pregar o  evangelho,  se  os  homens  não
           têm  a  capacidade  de  responder favoravelmente  a  ele?  Por
           que convidar o pecador a vir a Cristo, se o pecado o escravizou
           de tal maneira que não tem em si mesmo a capacidade de vir?
           Nossa resposta é:  não pregamos o evangelho porque cremos
           que o homem possui “livre-arbítrio”, e, portanto, é capaz de
           receber  a  Cristo.  Mas  nós  o  pregamos  porque  esse  foi  o
           mandamento que recebemos4 (Mc  16.15).  E porque, embora
           o evangelho seja uma loucura para os que se perdem,  “para
           nós, que somos salvos”, é poder de Deus (1 Co 1.18).  “Porque
           a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza
           de  Deus  é  mais  forte  do  que  os  homens”  (1  Co  1.25).  O
           pecador está morto em delitos e pecados (Ef 2.1); e um morto
           não tem a capacidade de desejar coisa alguma. Porquanto “os
           que estão na carne [os não-regeneradosl não podem agradar a
           Deus”  (Rm 8.8).
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