Page 183 - DEUS É SOBERANO - A. W. Pink
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          4.7)? Se Deus preparou de antemão as boas obras, nas quais
          temos de andar (Ef 2.10), então por que devemos ser “solícitos
          na prática de boas obras” (Tt 3.8)? Isso tão-somente levanta,
          uma  vez  mais,  a  questão  da  responsabilidade  humana.  Na
          realidade,  para  responder  a  essa  pergunta,  deveria  ser
          suficiente  dizermos  que  Deus  nos  mandou  fazê-lo.  Em
          nenhuma parte  das  Escrituras  inculca-se ou encoraja-se um
          espírito de indiferença fatalista.  Contentamento com o nível
          espiritual atingido é expressamente reprovado nas Escrituras.
          A palavra para cada crente é:  “Prossigo para o alvo, para o
          prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”  (Fp
          3.14).  Este  foi  o  alvo  do  apóstolo  e  deve  ser  o  nosso.
          Apreender e apreciar devidamente a soberania de Deus, longe
          de ser um empecilho ao desenvolvimento do caráter cristão,
          servirá para fomentá-lo. Assim como o desespero do pecador
          quanto a poder ajudar-se a si mesmo é a primeira condição
          para que haja uma conversão segura,  assim também a perda
          de  toda  a  confiança  em  si  mesmo  é,  da parte  do  crente,  o
          ponto essencial para seu crescimento na graça.  Assim como
          o perder a esperança de haver qualquer coisa em si mesmo
          que o possa ajudar levará o pecador a atirar-se nos braços da
          misericórdia soberana,  assim também o  cristão,  cônscio  de
          sua própria fraqueza, irá ao Senhor em busca de poder. Quando
          somos  fracos,  então  é  que  somos  fortes  (2  Co  12.10);  isto
          quer dizer que é necessário que tenhamos consciência de nossa
          fraqueza  antes  que  procuremos  ajuda  da  parte  do  Senhor.
          Enquanto o cristão admite a idéia de que ele é suficiente em
          si  mesmo;  enquanto  imagina  que  pela  mera  força  de  sua
          vontade ele pode resistir à tentação;  enquanto tem confiança
         na carne,  então,  como Pedro,  que se jactou de que,  embora
         todos  deixassem  a  Cristo,  ele  nunca  o  faria,  certamente
         falharemos e cairemos.' Sem Cristo,  nada podemos fazer (Jo
          15.5).  A  promessa  de  Deus  é:  “Faz  forte  ao  cansado,  e
         multiplica  as  forças  ao  que  não  tem  nenhum  vigor”  em  si
         mesmo (Is 40.29).
                 A  pergunta  que  estamos  considerando  tem  grande
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