Page 16 - Revista escriba (primeira ediçao)
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QUANDO CONVERSO COM O ÁLVARO DE CAMPOS EM MIM


                  uma flor de concreto
                  com hastes modernistas
                  e matizes de pós-modernidade
                  nascida em SP, Rio,
                  Porto Alegre, Tóquio, Lisboa
                  ou qualquer outra grande
                  concentração de respirações
                  por minuto
                  e sonhos por arranha-céus.

                  ao som de Schönberg,
                  Gilberto Gil, rugido de motores
                  e solas de sapatos,
                  as não filosofias
                  são também filosofias,
                  pelo simples ato do filosofar o não filosofar.

                  essas não filosofias existencialistas
                  povoam ruas, bebem em
                  bares, afogam-se em copos,
                  queimam-se no cigarro, andam de ônibus,
                  reclamam por vida,
                  gramaticalizando sentires,
                  buscando um rosto para algo
                  sem rosto – muitos rostos: amor

                  essas não filosofias
                  não encontradas em livros,
                  mas em bocas, pensamentos, corações,
                  são ideias meio grega-antigas e hipermodernas,
                  panteras da insônia
                  e do tédio
                  de ser humano que
                  oscila
                  entre ser e humano

                  oscila

                  concha de retalhos
                  um pouco de tudo
                  tudo de nada.

                  flor de concreto
                  em plena fotossíntese a partir luzes elétricas noturnas,
                  no céu a lua confusa
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