Page 19 - Revista escriba (primeira ediçao)
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VÉSPERA DE FERIADO


                  As luzes da cidade
                  são músculos cardíacos

                        palpitações por minuto

                  entre o fluxo de gente
                  e de sonhos

                  os carros riscam nas ruas
                  canções de distância
                  paisagens diferentes
                  e reuniões de família.

                        É véspera de feriado.

                  Os ombros até esquecem dos cansaços,
                  os olhos já não se importam com o sol a sol.

                  Fagulha dentro do peito o fogo de festa,
                  de fartura na mesa
                  do álcool dançando nos copos
                  dos “tudo bem”

                  por um instante
                  não existe um amontoado
                  de contas no fim do mês
                  não existem problemas
                  em relacionamentos
                  não existem vozes
                  em silêncio
                  ou água nos olhos
                  não existem decadências.

                  O mundo é um paraíso perdido encontrado.

                  Por um tanto de horas
                  as rotinas mudam

                        — Que vida era aquela que a gente vivia?

                        — Podia ser sempre véspera de feriado...

                  O trânsito é um caos em paz,
                  as ruas, um burburinho em alívio.
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