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P                            NÃO CONDENE O QUE VOCÊ NÃO ENTENDE
          P



                                        "Não condeneis e não sereis condenados."
                                                          Lucas 6:37



                  Conheço uma antiga história a respeito de três cegos que encontraram um elefante.
                  Quando lhes foi pedido que descrevessem o animal, cada um disse uma coisa
                  diferente. Um afirmou que o elefante era como uma grande mangueira; o segundo,
                  que ele parecia um cabo de vassoura; e o terceiro, que ele se assemelhava ao
                  tronco de uma árvore. Cada um descreveu o animal a partir da sua perspectiva.
                  Nenhum deles estava certo ou errado; todos estavam expondo o seu ponto de vista
                  pessoal. Somos humildes quando percebemos que somos como os cegos, limitados
                  na nossa capacidade de perceber as coisas que estão bem diante de nós.
                  Luke e   Annie procuraram uma terapia de casal porque haviam chegado a                 um
                  impasse no seu relacionamento. Annie era uma pessoa muito espontânea que
                  expressava seus sentimentos mais profundos com facilidade. Luke era um homem
                  de negócios bem-sucedido e muito racional que se preocupava com a família, sendo
                  marido e pai dedicado.
                  O maior problema que enfrentamos na terapia foi à dificuldade que Luke tinha com
                  Annie, por considerá-la "excessivamente emocional". Todas as vezes que discutiam,
                  ela chorava ou se magoava, e Luke ficava furioso, queixando-se de que ela se
                  recusava a ser "racional" com relação às coisas. Quando procuraram à            terapia, o
                  relacionamento os havia colocado em dois extremos. Luke era o frio e           racional, e
                  Annie, a excessivamente emocional.
                  Luke tinha sido criado para fazer sempre a        coisa correta, independentemente de
                  como se sentisse com relação a          ela. Estar certo vinha em primeiro lugar; os
                  sentimentos eram de certa forma ignorados ou negados. Ser confiável era
                  importante; os sentimentos só serviam para atrapalhar.
                  Como     Annie    expressava     seus    sentimentos    com     muita   facilidade,   Luke
                  freqüentemente ficava confuso. Chegava a temer os sentimentos de Annie, porque
                  não sabia como reagir para ajudá-la. Temos medo daquilo que não conhecemos.
                  "Oh, não! Lá vai você de novo!", queixava-se ele sempre que ela expressava como
                  se sentia com relação às coisas. As emoções intensas assustavam Luke e por isso
                  ele criticava as pessoas que as demonstravam.
                  "Não dou a mínima com relação a como você se sente a             respeito do assunto. Vá
                  simplesmente em frente", dizia ele. É claro que essa atitude só reforçava o
                  comportamento emocional de Annie, piorando a situação.
                  As coisas começaram a melhorar quando Luke entendeu que reagia negativamente
                  aos sentimentos de Annie por não entendê-los. Ele passou a          compreender que os
                  sentimentos não são nem bons nem maus; são apenas outra fonte de informações
                  necessárias para que o casamento dê certo. Talvez Luke pudesse se beneficiar
                  tentando entender como Annie se sentia. Ele contribuiu para a          harmonia conjugai
                  quando deixou de achar que a mulher era emocional demais e começou a procurar
                  ver as coisas a partir da perspectiva dela.
                  A atitude dele ajudou Annie a      parar de se condenar por ter reações emocionais
                  muito intensas diante das coisas. Ela não era "excessivamente emocional". Era
                  apenas uma pessoa que se sentia mal por ser emotiva, o que a fazia desmoronar
                  sempre que se aborrecia. O fato de se permitir ter sentimentos possibilitou que estes
                  surgissem e fossem resolvidos mais naturalmente. Luke e                Annie ainda têm
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