Page 150 - O vilarejo das flores
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como tinha ouvido, não tinha o direito de acabar com sua vida. A
        vida é um presente que Deus nos dá e só ele pode tirar. O ciúme

        e a raiva são maus conselheiros. Você não confiou naquilo que
        acreditava e todos que viram sua morte, ficaram com a fé abalada. A
        mesma fé que você havia plantado tão lindamente. Não foi para os
        planos inferiores porque você praticou boas ações na terra e sempre

        perdoou de coração, embora tenha feito algo ainda mais grave.
        —O que? - Desesperou-se ela com a última frase.
        —Você matou a criança que carregava e por enquanto não podemos
        ajudá-la.  Ela ficou com muita raiva do que você fez e isso nos

        impediu de intervir.
        —Não! Por Deus! Tem algo que eu possa fazer para ajudá-la? -
        Perguntou Aimeé desesperada.
        —No momento você precisa descansar.

        —Não! Por favor, precisamos ajudá-la! Ela não tem culpa do eu fiz,
        ela é inocente...-Aimeé sentiu fraqueza e viu tudo escuro ao seu
        redor e caiu.
               Algumas horas depois, Aimeé acordou. Percebeu que

        estava deitada em uma cama, semelhante a uma de hospital sem a
        aparelhagem. O lugar era calmo, silencioso e Aimeé sentia-se em paz.
        Parecia mesmo um hospital, sem pacientes. Os pacientes chegavam e
        saiam rapidamente. Só ela permanecia. Tobias sempre vinha vê-la e

        lhe falava que precisava esperar. Após o que parecia ser uma semana,
        Aimeé perdeu a paciência de esperar e reclamou:
        —Tobias! Quando que eu vou sair? Já faz uma semana! Eu estou bem.
        —Sim. Você está bem. –Concordou ele no mesmo tom gentil- Mas

        caso você saia daqui, para onde você vai?
        —Bem? -hesitou Aimeé – É mesmo. Para onde eu vou? Se eu morri,
        pelo que eu sei não posso mais voltar para casa.
        —Seu corpo morreu. A matéria. Como eu disse: você está viva aqui.

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