Page 179 - O vilarejo das flores
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terminarmos. Não está dando certo.
-Se é isso que você quer. – Disse ela dissimulando o desespero, mas
as lágrimas corriam pelo rosto – Eu vou-me embora.
Ariadne virou as costas e foi-se. Magoada e ferida, não
entendia porque Thomás estava tão nervoso. Apenas queria almoçar
com ele. De repente poderia ter conhecido outra pessoa. Pensava
porque os homens eram tão difíceis. Falavam para ela que ela exigia
mais do que eles poderiam lhe dar. Ela não entendia isso. E pensava
em suas outras relações que começavam bem e em menos de um
mês, tudo acabava mal. E assim continuava, uma após a outra e
todos diziam o mesmo: “Estou sufocado. O problema sou eu. Você
me controla demais. ” Perguntava ao seu amigo ‘Mestre’, mas este
nada dizia, às vezes falava uma piada para fazê-la rir e comentava:
“Vamos! Você é maior do que isso! ”
Assim ela seguia sua vida, um namorado após o outro e cada
um com seus motivos de término iguais.
Dois anos depois, Ariadne estava empregada numa firma
muito próspera e recebia um excelente salário. Todos no trabalho
gostavam muito dela, embora a achassem um pouco imatura e
explosiva. Se alguém a tirasse do sério, logo esbravejava aos quatro
cantos. Depois se sentia mal por sua atitude, mas não conseguia se
controlar. “Você precisa se controlar. ” Sussurrava Mestre em seu
ouvido.
—Preciso me controlar? As pessoas que precisam me respeitar! -
Indignava-se ela.“Para ter respeito não é necessário gritar feito uma
louca! ” Rebatia Mestre.
Ela resolveu não responder e seguiu para casa. Seus
arrebatamentos afastavam: namorados, amizades e até mesmo sua
mãe, com quem Ariadne tinha dificuldades de convivência. Em casa,
Ariadne demostrava seu mau humor. Tinha mágoa da mãe, pois
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