Page 42 - Portifólio Final - Caso 5
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abatimento, seu estado triste, ao distúrbio de sono e a ausência de alterações nos
sinais vitais da paciente, fortalecem as hipóteses diagnósticas psicossomáticas
prévias.
O relato sobre a sensação de desfalecimento nos fez entender o sintoma como
uma manifestação de pré-síncope. É imprescindível entender a origem da pré-síncope
da Sra. Maria pelos seus riscos envolvidos.
Segundo Mallet (1999), a síncope é um sintoma intrigante na prática clínica
pela sua variedade etiológica e mecanismos fisiológicos, que podem ser desde
benignas até perigosas, com mortalidade entre 18 a 33% ao ano em síncopes de
origem cardíaca. Mallet (1999) afirma que 40% dos casos de síncope vem de origem
não cardíaca, enquanto as cardíacas entornam os 20% dos casos. Em geral, a origem
da síncope pode ser neurocardiogênica, cardíaca, por hipotensão ortostática e
distúrbios disautonômicos, por desordem psiquiátrica, ou doença neurológica.
Segundo Gopinathannair, Salgado e Olshansky (2018), a síncope vasovagal é
a maior responsável por causas de síncope e pré-síncope de casos situacionais ou
isolados. A síncope vasovagal ocorre quando o controle autônomo da regulação de
batimentos cardíacos e pressão sanguínea colapsam pela ativação inapropriada do
nervo vago. Apesar de serem breves, estes colapsos manifestam-se como bradicardia
e/ou hipotensão e/ou alteração da auto regulação cerebral, resultando na síncope ou
pré-síncope, frequentemente com sinais e sintomas prodrômicos como náusea, suor
e palidez.
Andrighetto (1999) diz que, apesar da existência de vários métodos
diagnósticos para a investigação de episódios sincopais, 30% dos pacientes acabam
sem fator etiológico definido. Entretanto, evidências sugerem que uma significativa
parcela destes pacientes pode ser portadora de doenças psiquiátricas, levando a
síncopes recorrentes. Embora estudos antigos apontem transtornos mentais como
apenas 1-7% das causas de síncope, 26% dos pacientes com síncope indeterminada
eram portadores de distúrbios psiquiátricos, decorrente, na maioria das vezes, de
depressão maior, transtornos do pânico, de ansiedade e de somatização
(ANDRIGHETTO, 1999). Andrighetto (1999) relaciona também o uso de medicações
específicas como causador de síncopes.