Page 189 - Fortaleza Digital
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a hora. Naquela noite, contudo, quando olhou para fora, não havia nada de
reconfortante. Em vez disso, encontrou apenas a escuridão. Colou o rosto contra o
vidro, assustada. A Criptografia havia desaparecido.
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CAPÍTULO 57
Os banheiros da Criptografia não tinham janelas e, na mais completa escuridão,
Susan não conseguia ver nada. Ficou imóvel por alguns instantes, tentando se
orientar, ao mesmo tempo em que percebia o pânico crescente que tomava
conta dela. Aquele grito horrível saído do duto de ventilação parecia continuar
ecoando à sua volta. Apesar de seus esforços para manter o controle, o medo era
mais forte e apoderouse dela. Em total desespero, andou sem rumo pelo
banheiro, tateando nervosamente as pias e portas dos sanitários. Desorientada,
moveu-se pela escuridão, as mãos erguidas à frente, tentando encontrar a porta.
Derrubou uma lata de lixo e deu de cara contra uma parede. Seguindo a parede
com a mão, andou aos tropeços até encontrar a porta e procurou nervosamente a
maçaneta. Abriu-a e saiu para o salão da Criptografia. Tomou um segundo susto.
A Criptografia também estava às escuras e todas as luzes do teto, apagadas. Tudo
o que se via era o contorno acinzentado do TRANSLTR
destacando-se contra a pálida luz do céu noturno que entrava pelo domo. Nem
mesmo os teclados eletrônicos das portas estavam acesos. Quando seus olhos se
adaptaram à escuridão, ela notou que a única luz existente na Criptografia saía da
portinhola aberta no chão. Era um leve brilho avermelhado das luzes de
segurança do subsolo. Moveu-se nessa direção. O ar cheirava a ozônio.
Quando chegou perto da portinhola, ajoelhou-se e olhou para baixo. As válvulas
de escape do fréon deixavam sair uma névoa atravessada pela luz vermelha.
Pelo zumbido um pouco mais agudo vindo lá de baixo, Susan percebeu que os
geradores de emergência tinham sido ativados e estavam alimentando o
TRANSLTR. Através da névoa esparsa, pôde ver Strathmore de pé na
plataforma logo abaixo. Ele estava debruçado sobre um corrimão, olhando para
o fundo do poço de onde vinha o ruído dos geradores.
- Comandante!
Nenhuma resposta.
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