Page 204 - Fortaleza Digital
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Antes que o comandante pudesse detê-la, ela conseguiu se enfiar dentro da
abertura. Strathmore reclamou, mas ela estava decidida. Queria sair da
Criptografia e conhecia Strathmore o bastante para saber que ela não iria a lugar
algum enquanto a chave de Hale não fosse encontrada. Colocou-se no meio da
abertura e usou toda a sua força. As portas pareciam estar empurrando de volta.
Subitamente, Susan perdeu o ponto de apoio. As portas correram em sua direção.
Strathmore lutou para segurá-las, mas, sozinho, não tinha força suficiente. Pouco
antes de as portas se fecharem novamente, Susan conseguiu se enfiar pela
abertura e caiu do outro lado.
O comandante fez força para abrir uma fresta nas portas e, colocando o rosto na
abertura, perguntou:
- Nossa, Susan. Você está bem?
Ela se levantou e arrumou a roupa.
- Tudo bem.
Susan olhou em volta. O Nodo 3 estava deserto, iluminado apenas pelos
monitores dos computadores. As sombras azuladas davam ao lugar uma
aparência fantasmagórica. Ela virou-se para Strathmore, que mantinha a cara na
fresta entre as portas. Sua face parecia pálida e doentia na luz azul.
- Susan, me dê uns 20 minutos para apagar os arquivos no laboratório de SegSis.
Quando todas as pistas tiverem sido apagadas, vou até meu terminal e interrompo
a execução do TRANSLTR. 229
- Acho bom mesmo! - disse Susan, observando as pesadas portas de vidro.
Enquanto o TRANSLTR não parasse de consumir a energia auxiliar, ela ficaria
presa dentro do Nodo 3. Strathmore soltou as portas e elas se fecharam. Susan
ficou olhando através do vidro enquanto o comandante sumia na escuridão da
Criptografia.
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CAPÍTULO 63
A Vespa recém-comprada por Becker ia aos trancos e barrancos pela via de
acesso ao aeroporto de Sevilha. Durante toda a viagem, as juntas dos dedos de
Becker estavam brancas, tamanha a pressão que ele fazia. De acordo com seu
relógio, passava um pouco de duas da manhã no horário local.