Page 205 - Fortaleza Digital
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Quando se aproximou do terminal principal, subiu com a Vespa na calçada e
pulou da motoneta ainda em movimento. Ela quicou pelo chão e finalmente
parou. Becker correu, com as pernas trêmulas, e passou pelas portas giratórias.
Nunca mais, ele jurou para si mesmo. O terminal tinha uma aparência estéril e
era mal iluminado. Exceto por um faxineiro encerando o chão, o lugar estava
completamente deserto. Do outro lado do salão, uma funcionária estava
fechando o balcão da Iberia Airlines. Mau sinal, pensou Becker, correndo para
falar com a moça.
- EI vuelo a los Estados Unidos?
A atraente espanhola do outro lado do balcão olhou para ele e sorriu.
- Acaba de salir. Você perdeu o vôo. - Essas palavras ficaram flutuando no ar
por algum tempo.
Eu perdi o vôo. Becker deixou cair os ombros, abatido.
- Havia algum assento vago?
- Vários - disse a mulher, ainda sorrindo. - Estava quase vazio. Mas amanhã há
um outro vôo às oito da manhã que também... Preciso saber se uma amiga
conseguiu embarcar nesse vôo.
- Lamento, senhor, mas temos a obrigação de manter a privacidade de...
- É muito importante - insistiu Becker, em tom de urgência. - Só preciso saber se
ela conseguiu pegar o avião. Só isso. A mulher inclinou ligeiramente a cabeça,
atenciosa:
- Problemas amorosos?
Becker pensou por um instante. Depois fez cara de tímido, deu um sorrisinho e
disse:
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- Está tão na cara assim?
Ela piscou um olho.
- Qual o nome dela?