Page 208 - Fortaleza Digital
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embaixo em sua enorme cela, cheia de vapor. Será que ele colocou fogo em
alguma coisa? Olhou para os dutos de ventilação e tentou identificar o cheiro, que
parecia vir de um lugar próximo.
Ela olhou para as portas de treliça da quitinete. Reconheceu o cheiro quase
instantaneamente. Era colônia... e suor. Curvou-se sobre si mesma,
instintivamente, mas não estava preparada para o que viu a seguir. Por trás das
treliças, dois olhos a encaravam. Deparou-se, então, com a terrível verdade.
Greg Hale não estava trancado no subsolo: ele estava ali, dentro do Nodo 3!
Devia ter subido pela escada antes que Strathmore fechasse a tampa do alçapão.
Tivera força suficiente para abrir as portas sozinho. Susan já tinha ouvido dizer
que, em estado de completo terror, as pessoas geralmente ficam paralisadas.
Descobriu que aquilo era um 234
mito. No mesmo instante em que compreendeu o que estava acontecendo,
começou a se mover. Saiu aos tropeções no escuro com um único pensamento:
fugir.
O ruído de madeira se quebrando atrás dela veio quase ao mesmo tempo. Hale,
que estivera sentado em silêncio sobre o fogão, empurrou suas pernas como duas
marretas. As portas voaram longe. Ele saltou para o chão e saiu correndo na
direção de Susan com passadas largas. Susan derrubou uma luminária no
caminho, tentando fazer com que Hale tropeçasse, mas sentiu que ele pulou por
cima do obstáculo sem dificuldade aproximando-se rapidamente.
Quando seu braço direito agarrou a cintura de Susan por trás, ela se sentiu como
se tivesse batido em uma barra de ferro. Ficou sem ar, por conta da pancada. Os
bíceps de Hale puxaram-na pelo quadril. Susan tentou resistir e começou a se
debater ferozmente, acertando o nariz de Hale com o cotovelo. Ele a soltou e
caiu de joelhos no chão, as mãos segurando o nariz.
- Sua filha da... - gritou, com dor.
Susan correu até as portas, com uma esperança vã de que Strathmore restaurasse
a energia naquele momento e as portas se abrissem à sua frente. Contudo, isso
não aconteceu, e ela ficou socando inutilmente o vidro.
Hale se moveu pesadamente em sua direção, com o nariz cheio de sangue. Em
pouco tempo agarrou-a de novo, uma das mãos prendendoa firmemente na
altura do peito esquerdo e a outra segurando sua cintura. Puxou-a para longe da
porta.
Ela gritou, com a mão esticada em uma tentativa fútil de impedi-lo. Ele puxou-a