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Um pouco abaixo, uma ponta de ferro atravessou o ar, vinda do canto da escada.
      Foi lançada para a frente como uma espada, na altura do tornozelo. Hulohot
      tentou desviar-se para a esquerda, mas era tarde. O
      objeto já estava entre seus tornozelos. Seu pé de apoio moveu-se e bateu em
      cheio na barra de ferro, que se chocou contra a parte inferior de sua perna.
      Colocou os braços à frente, buscando apoio, mas não havia onde segurar. Caiu no
      vazio. Logo depois estava no ar, girando de lado. Hulohot foi lançado para baixo,
      passando por cima de Becker, que estava dobrado sobre sua barriga, com os
      braços estendidos. O castiçal que ele antes segurava estava agora preso entre as
      pernas do asssassino, que caía escada abaixo.
      Hulohot bateu com força na parede externa antes de cair sobre os degraus.
      Quando se chocou com o chão, começou a rolar sobre si mesmo. Deixou cair a
      arma. Seu corpo girou para baixo, rolando de ponta-cabeça. Completou cinco
      rotações de 360 graus pela espiral antes de parar. Doze degraus a mais e teria
      caído diretamente no pátio.
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      CAPÍTULO 101
      Era a primeira vez que David Becker segurava uma arma. O corpo de Hulohot
      estava retorcido na escadaria escura da Giralda. Becker pressionou o cano da
      arma contra a testa do assassino e ajoelhou-se cuidadosamente. Qualquer
      movimento e ele iria atirar. Mas não houve movimento algum. Hulohot estava
      morto. Colocando a arma no chão, Becker deixou-se cair sobre os degraus. Pela
      primeira vez em muito tempo sentiu vontade de chorar. Lutou contra as lágrimas.
      Haveria tempo para se emocionar mais tarde. Agora era hora de voltar para
      casa. Ele tentou se levantar, mas estava cansado demais para se mover. Ficou
      sentado durante um bom tempo, exausto, na escadaria de pedra.
      Meio ausente, olhava para o corpo dobrado à sua frente. Os olhos do assassino
      começaram a se embaçar, fixos no vazio. Incrivelmente, seus óculos ainda
      estavam inteiros. Eram estranhos, com um fio saindo por trás da armação e
      conectando-se a uma espécie de unidade que estava presa ao cinto. Mas Becker
      estava demasiado exausto para ficar curioso. Sentado ali, sozinho na escadaria,
      examinando seus pensamentos, voltou a atenção para o anel que estava em seu
      dedo. Sua visão estava mais clara e finalmente podia ler a inscrição. Como
      suspeitara, não era inglês. Olhou para os caracteres por algum tempo e depois
      franziu a testa. Vale a pena matar por isso?
      O sol da manhã brilhava intensamente quando Becker saiu da Giralda para o
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