Page 304 - Fortaleza Digital
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jogado para trás. Bateu com as costas em um quadro de força e caiu sentado.
Tentando levantar-se em meio à camada de água que estava se acumulando aos
poucos no chão, olhou horrorizado para o objeto que estava segurando. Era o
antebraço de Chartrukian que havia se partido na altura do cotovelo. Lá em cima,
no Nodo 3, Susan continuava esperando. Estava sentada no sofá, sentindo-se
paralisada. Hale estava morto a seus pés. Ela não podia imaginar por que o
comandante estava demorando tanto. Os minutos passavam. Tentou afastar
David de seus pensamentos, mas era inútil. A cada vez que as sirenes tocavam,
as palavras de Hale surgiam em sua mente: Lamento por David Becker. Achou
que fosse enlouquecer.
Estava quase se levantando para sair correndo em direção ao salão da
Criptografia quando a força finalmente foi cortada. Strathmore havia alcançado
o disjuntor.
O silêncio tomou conta da Criptografia. As sirenes foram interrompidas e os
monitores se apagaram. O corpo de Greg desapareceu na escuridão.
Instintivamente, Susan encolheu as pernas sobre o sofá e cobriu-se com o paletó
de Strathmore.
Escuridão. Silêncio.
Nunca havia sentido o peso daquele silêncio na Criptografia. Podia-se ouvir
sempre o zumbido grave dos geradores preenchendo o ar. Agora não havia nada,
apenas o gigante de silício se aquietando, aliviado. O
TRANSLTR estalava e sibilava, esfriando lentamente. 352
Susan fechou os olhos e rezou por David. Sua prece era simples: que Deus
protegesse o homem que amava.
Ela não era religiosa e não esperava receber urna resposta às suas preces.
Sobressaltou-se quando sentiu uma vibração no seu peito. Sentou-se. Colocou a
mão sobre o peito e logo entendeu o que estava acontecendo. As vibrações não
vinham da mão de Deus, mas do bolso do paletó do comandante. Ele havia
deixado lá seu SkyPager com o modo de vibração ativado. Alguém havia lhe
enviado uma mensagem. Seis andares abaixo, Strathmore estava de pé ao lado
do disjuntor. O
subsolo da Criptografia estava escuro corno a mais profunda noite. Ficou parado
por um instante, contemplando aquela escuridão. A água continuava caindo lá de
cima. Era como uma tempestade noturna. O