Page 308 - Fortaleza Digital
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- Susan - Strathmore implorou, segurando-a -, eu posso explicar. Tentou livrar-se
      dele, mas o comandante segurou-a com firmeza. Tentou gritar, mas estava sem
      voz. Tentou correr, mas as mãos fortes a puxaram para trás.
      - Eu te amo - sussurrava a voz. - Eu sempre te amei. O estômago de Susan se
      revirava.
      - Fique comigo.
      Na mente de Susan, imagens pavorosas se sucediam: os olhos verdes de David
      fechando-se lentamente pela última vez; o corpo de Hale espalhando sangue pelo
      carpete; Phil Chartrukian espatifado e queimado sobre os geradores.
      - A dor irá passar - dizia a voz. - Você voltará a amar. 357
      Susan não ouvia nada.
      - Fique comigo - pedia a voz. - Irei curar as suas feridas. Ela se debateu, sem
      sucesso.
      - Fiz tudo isso por nós. Fomos feitos um para o outro. Susan, eu te amo
      – as palavras fluíam como se ele houvesse esperado uma década para
      pronunciá-las. - Eu te amo! Eu te amo!
      Naquele instante, a 30 metros de distância, como se estivesse refutando a
      desprezível confissão de Strathmore, o TRANSLTR emitiu um ruído agudo,
      selvagem e impiedoso. Aquele som era inteiramente novo - um silvo agudo,
      distante e ameaçador, que parecia crescer como uma serpente, vindo das
      profundezas do silo. O fréon, aparentemente, não atingiu o nível necessário a
      tempo.
      O comandante soltou Susan e, em pânico, virou-se para o computador de dois
      bilhões de dólares.
      - Não! - gritou, com as duas mãos na cabeça. - Não!
      O foguete de seis andares começou a tremer. Strathmore deu um único passo
      cambaleante na direção da máquina trovejante. Caiu de joelhos, um infiel frente
      a um deus enraivecido. Era tarde. Na base do silo, os processadores de titânio-
      estrôncio do TRANSLTR haviam entrado em combustão.
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