Page 311 - Fortaleza Digital
P. 311

Os três olharam sem dizer uma palavra. O espetáculo tinha uma grandeza
      sobrenatural.
      Fontaine ficou parado um bom tempo. Quando falou, seu tom de voz era grave,
      mas firme.
      - Midge, mande uma equipe para lá... agora.
      Na sala de Fontaine, o telefone começou a tocar. Era Jabba.
      361
      CAPÍTULO 107
      Susan não sabia quanto tempo tinha decorrido. Uma sensação de ardência em
      sua garganta fez com que retomasse a consciência. Desorientada, olhou em
      volta. Estava deitada sobre um carpete, atrás de uma mesa. A única luz na sala
      era uma estranha luminosidade alaranjada. O ar cheirava a plástico queimado. O
      lugar no qual estava não era mais uma sala: era uma concha devastada. As
      cortinas estavam em chamas e as paredes de plexiglas estavam derretendo.
      Então lembrou-se de tudo. David.
      Em pânico, levantou-se. Podia respirar, mas o ar era cáustico. Ela andou
      cambaleando até a porta, procurando uma saída. Quando chegou lá, sua perna
      deu um passo no vazio. Segurou-se na moldura da porta a tempo. A plataforma
      havia desaparecido. Quinze metros abaixo uma sucata de metal retorcido
      fumegava. Susan olhou para o salão da Criptografia horrorizada. Era um mar de
      chamas. O material derretido que restara dos três milhões de chips havia
      irrompido do TRANSLTR como uma corrente de lava, jogando no ar uma
      fumaça densa. Ela conhecia aquele cheiro: silício derretido. Era um veneno
      mortal. Retomou para o que restara do escritório de Strathmore, sentindo-se
      fraca. Sua garganta queimava. A sala estava iluminada por uma luz aterrorizante.
      A Criptografia estava morrendo. E eu também irei morrer, pensou ela.
      Pensou na única saída possível, o elevador de Strathmore. Mas sabia que era
      inútil: a parte elétrica não teria sobrevivido à explosão. Contudo, andando na
      direção da porta do elevador em meio à fumaça cada vez mais densa, Susan
      lembrou-se do que Hale dissera: O elevador funciona com energia do prédio
      principal! Eu vi os diagramas. Sabia que era verdade e sabia também que todo o
      poço era revestido por concreto reforçado.
      A fumaça enchia o ar. Andou cambaleante até a porta, mas, chegando lá, viu
      que o botão usado para chamar o elevador estava apagado. Susan bateu
   306   307   308   309   310   311   312   313   314   315   316