Page 312 - Fortaleza Digital
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nervosamente no painel, depois deixou-se cair de joelhos e esmurrou o chão, em
      desespero.
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      Parou. Ouviu ruídos mecânicos atrás da porta. Surpresa, olhou para cima.
      Aparentemente a cabine do elevador estava lá! Susan socou o botão novamente.
      Ouviu de novo o mesmo som.
      Então percebeu que o botão não estava apagado - apenas havia sido recoberto
      pela fuligem escura. Agora podia ver um leve brilho sob seus dedos.
      Ainda há energia!
      Com uma esperança renovada, apertou várias vezes o botão. A cada vez, alguma
      coisa se movia por trás das portas. Podia mesmo ouvir o som de um ventilador
      dentro da cabine. O elevador está aqui! Por que as malditas portas não se abrem?
      Olhou para um pequeno teclado auxiliar. Havia botões com as letras do alfabeto.
      Em desespero, lembrou-se: a senha.
      A fumaça estava começando a penetrar pelas janelas parcialmente derretidas.
      Socou as portas do elevador. Elas não se abriam. A senha!, pensou. Strathmore
      nunca me disse qual era a senha! A fumaça de silício estava entrando no
      escritório. Tossindo, Susan caiu em frente ao elevador, sentindo-se derrotada. O
      ventilador estava apenas a alguns metros. Deixou-se ficar, desnorteada, ofegante.
      Fechou os olhos, mas a voz de David mais uma vez a trouxe de volta. Fuja,
      Susan! Abra a porta! Saia daí! Abriu os olhos, esperando ver seu rosto sorridente,
      os olhos verdes... Mas foi o teclado que surgiu novamente à sua frente. A senha...
      Olhava para o teclado, mal conseguindo manter o foco. Em um visor iluminado
      abaixo do teclado, cinco posições esperavam uma entrada. Uma senha de cinco
      dígitos, pensou. Sabia quais eram suas chances: 26 elevado à quinta potência, ou
      seja, quase 12 milhões de escolhas possíveis. Se tentasse uma por segundo,
      levaria cerca de 19 semanas.
      Tossindo, sem ar, deixou-se cair novamente no chão, sob o teclado. Ouvia a voz
      do comandante, repetindo pateticamente: Eu te amo, Susan! Sempre te amei!
      Susan! Susan! Susan!
      Sabia que ele estava morto, mas ainda assim sua voz não silenciava. Ela ouvia
      seu nome sem parar.
      Susan... Susan...
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