Page 317 - Fortaleza Digital
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com isso. Lá embaixo Jabba era superior até mesmo a Deus. Problemas técnicos
no banco de dados tinham precedência sobre a cadeia de comando normal.
- Então não é um vírus? - exclamou Brinkerhoff, animado. Jabba olhou para ele,
desdenhoso.
- Um vírus tem comandos de replicação, chefe. Isso aqui não tem. Susan
mantinha-se próxima, mas não conseguia se concentrar em nada.
- Então o que está acontecendo? - Fontaine perguntou. - Pensei que estávamos
lidando com um vírus.
Jabba respirou fundo e falou, baixando a voz:
- Os vírus... - começou a explicar, secando o suor em seu rosto. - Os vírus se
reproduzem. Criam clones. São vaidosos e burros; egomaníacos binários,
digamos assim. Geram bebês mais rápido do que coelhos. Esse é seu ponto fraco:
é possível criar uma mutação que os aniquile, se você
souber o que fazer. Infelizmente o programa que temos aqui não tem ego e não
precisa se reproduzir. Seus objetivos estão claros e ele é
determinado. Na verdade, quando tiver atingido seu objetivo, provavelmente irá
cometer suicídio digital. - Jabba apontou com os braços, reverentemente, para a
confusão que continuava sendo projetada no enorme painel. - Senhoras e
senhores, gostaria de apresentarlhes o kamikase dos invasores de computadores:
um verme.
- Verme? - resmungou Brinkerhoff. Isso lhe soava como um termo muito
mundano para descrever aquele invasor traiçoeiro.
- Isso, um verme - continuou Jabba. - Não tem uma estrutura complexa, apenas
instinto: comer, defecar, se arrastar. Só isso. Simplicidade mortífera. Faz o que
foi programado para fazer e depois some. Fontaine encarou Jabba com
severidade.
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- E o que este verme em particular foi programado para fazer?
- Não tenho idéia. Neste momento, está se espalhando e se conectando a todos os
nossos dados secretos. Depois disso, pode fazer qualquer coisa. Pode decidir
apagar todos os arquivos, ou talvez prefira imprimir carinhas sorridentes em
algumas transcrições da Casa Branca. Fontaine permanecia sério e contido.