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Pantanal está enfrentando a pior seca
dos últimos 50 anos. Quase no final do
m
O ês de julho, o nível do Rio Paraguai
estava com pouco mais de um metro em
Ladário (MS), perto de Corumbá, e a previsão,
até o fim do período de estiagem, era que as
coisas piorassem. Especialistas do Inpe (Ins-
tituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e da
ANA (Agência Nacional de Águas) alertaram
em meados de julho que a seca rigorosa traz
risco de devastação ainda mais grave no bioma
do que a registrada no ano passado.
O Inpe constatou uma “anomalia de pre-
cipitação” na região do Pantanal com déficit
de chuva em torno de 40% desde outubro
de 2020. Enquanto isso, a Superintendente
de operações e eventos críticos da Agência
Nacional de Águas, Ana Fioreze, mostrou os
efeitos práticos dessa estiagem nos rios pan-
taneiros e fez um alerta sobre a crise hídrica
na região durante reunião com a Comissão
Externa da Câmara sobre Queimadas nos
Biomas Brasileiros.
Entre os impactos sociais, já é possível notar
a redução na oferta de peixes e o encalhe das
“chalanas”, embarcações típicas do Pantanal.
O coordenador de Ciências da Terra do Inpe,
Gilvan de Oliveira, apresentou aos deputados
o histórico das secas cada vez mais intensas
e frequentes no bioma. Segundo ele, desde
o fim da década de 1990, o período seco
tem ficado mais seco, assim como o período
chuvoso tem ficado mais seco.
“Vejam que, de 2010 em diante, temos
um predomínio de chuva abaixo da média.
Então, algo realmente está acontecendo no
Pantanal e obviamente chama a atenção o
período 2020-2021. Neste ano, não é possível
somente fazer orientação ou informativos, têm
que ocorrer ações efetivas”, disse.
Em entrevista para o Jornal Nacional, o
diretor do SOS Pantanal, Felipe Dias, disse que
“a crise é consequência de falta de proteção de
nascentes, de cursos d’água. É falta de recarga
dos aquíferos com a impermeabilização que
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