Page 71 - Quando chegar a primavera
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Explico. Vivendo em profundo desajuste, submetendo-se ao grosso
compasso da vingança, Firmina foi sendo convencida pela própria
Diana Flores, em terapêutica pontual, através do sono reparador, da
necessidade de reconhecimento das escolhas. Diana Flores, munida da
Fé inabalável, pouco a pouco, verteu a sede por vingança, em amor
incondicional. Dotada de sensibilidade persistente, fez progresso
regenerador, usando palavras de convencimento e amparo, o que, aos
poucos, e a cada dia, descortinava a fumaça da ríspida ilusão. Por
conseguinte, Firmina, devotou-lhe, ainda, quando Diana Flores estava
nas vestes carnais como Alexandre Almuz, dedicada presença
protetiva. De início, fora acompanhada por Dona Anória Bolton, Vovó
Maria, estagiando na conversão benéfica da alta magia, antes, utilizada
para finalidades reprocháveis e aviltantes. Assim, Alexandre seguia
monitorado e protegido. Não fosse a dedicação de Firmina Alves, pelo
sentimento de solidão, poucas alternativas seriam possíveis, mesmo
nosso amigo tendo conquistas evolutivas sedimentadas no plano
cognitivo, ainda padece de melhor manejo de emoções menos
límpidas.
Na sintonia do tempo, o coração aquece a despedida. Ouvindo
sussurros contentes na passagem górgia do tempo, somente Caio
Trigueiro encontrava-se em peregrina aprendizagem de si mesmo. Em
1985, como as velhas árvores d'Angola, copas largas com suas
diminutas flores arroxeadas, a verbanaceae, exala o aroma de
alfazemas. No tremor de passos, em roto caminho, tomba à sepultura
por imprevidente envolvimento com criminosos violentos. Ceifa-se o
corpo, retoma o enfrentamento à própria consciência. É certo que, se,
aos olhos reduzidos de nossa cegueira, desampára-nos a Providência,
nos convençamos que, quando chegar a primavera, será convite a
nascer de novo, mais uma vez e outra mais.