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Foto - Ighor Thomas
Marcelo, Andreza e Jefferson compartilham experiências no mercado de trabalho
Esse círculo de solidariedade, proteção e fortalecimento não passar o que a maioria das trans passa na rua”, afirma,
existe porque ainda há preconceito. “As pessoas acham que gay, referindo-se ao preconceito, ao desrespeito e à violência que
lésbica ou trans tem que ser cabelereiro, maquiador ou costu- a comunidade sofre. Andreza sempre trabalhou com a carteira
reiro. No entanto, não é assim. Existem vários professores, mé- assinada. Já atuou como operadora de telemarketing, fiscal de
dicos, entre outros. Não são militantes, mas existem”, assegura. caixa e atualmente faz estágio na FCU.
Não faltam provas para essa afirmação. Marcelo de Oli- A estudante sabe que vive uma realidade oposta à
veira é graduado em Educação Física e inspetor de alunos na das colegas e assume: o empregador faz, sim, distinção entre
Escola Municipal Uberaba. Ele iniciou o processo de transição trans e o restante da população na hora de contratar. “Sei de
aos olhos de alunos, pais, professores e diretores. O período gente que não consegue vaga somente por ter uma aparência
foi vivenciado com leveza e tranquilidade. diferente e não por não ser dedicado e competente para o
Em nenhum instante ele se sentiu ameaçado ou com cargo”, relata.
medo de perder o emprego. O fato despertou a curiosidade Nem todos os transexuais têm as mesmas oportunidades
dos estudantes, que lhe faziam perguntas sobre a mudança. de Andreza e Marcelo. Ainda há uma parcela que enfrenta bar-
Marcelo “levou tudo numa boa”. Ele é o primeiro transexual reiras para conseguir inserção e desenvolvimento profissional.
da instituição. Agora, ganhou a companhia de uma professora. Jefferson Marques sabe bem o que é isso. Ele estuda Serviço
O caso de Andreza Araújo, estudante de Engenharia Social e há dois anos está desempregado. A solução para pagar
Civil, é parecido com o de Marcelo. “Comecei minha mudança as contas vem da ajuda de amigos e conhecidos, que o solicita
aos 18 anos. Foi fácil porque minha família já aceitava. Nunca para fazer pequenos serviços (bicos).
ouvi uma palavra de baixo calão. Sei que sou privilegiada por Jefferson não tem dúvidas: por ser trans, sofre rejei-
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