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Histórias de confinamento: espaços e emoções


            Quando a vida era normal, se é que se pode dizer que alguma vez foi normal, as quatro paredes do
         meu quarto pareciam ser uma porta para um outro mundo. Um mundo que deixava todas as preocupa-
         ções para trás, e o único sentimento presente era a felicidade. Um mundo que movia ao meu ritmo, ao
         contrário do mundo real em que todos se movem a batidas diferentes como se ouvíssemos músicas
         diferentes.

               Hoje em dia, as paredes parecem ser cada vez mais pequenas, e o mundo que outrora era feliz foi
         desaparecendo com o passar do tempo, assim como as ruas movimentadas e barulhentas que também
         foram com ele. Agora, noite e dia só diferem na presença de luz, e o sol juntou-se à lua solitária, dia
         após dia, na esperança de que o mundo volte a brilhar.
               No início não queria ficar em casa, mas o que é certo é que agora também não quero sair. Fiquei
         demasiado confortável com uma situação que de confortável não tem nada. Senti que estava presa no
         tempo e dei comigo a pensar no passado e no futuro, e foi como se revivesse os momentos mais feli-
         zes do passado num presente tão triste.
               Vi o sorriso da minha avó desvanecer porque não sabe o dia que virá a seguir, ou porque, apesar
         de vivermos perto, a pandemia fez com que parecesse que vivemos longe, em que temos de atraves-
         sar inúmeros obstáculos pelo caminho para chegar à meta, que neste caso seria vê-la outra vez, poder
         abraçá-la, pedir desculpa por não ligar tantas vezes e contar-lhe histórias que nos fazem rir até doer a
         barriga.

               Penso que esta situação me fez perceber que a vida pode mudar muito rapidamente, para bem ou
         para mal. Neste espaço de tempo, senti um leque de emoções, tanto boas como más, tal como a triste-
         za de estar sem a minha família e amigos, ou como a felicidade de poder ter recebido uma companhei-
         ra de quatro patas.

               Apesar de que, neste momento, vivemos sob uma enorme nuvem cinzenta, não significa que não
         há esperança para que um dia, talvez, as coisas voltem a ser um pouco melhores. Não normais, mas
         melhores.

                                                                                 Leonor Pinho, n.º 11, 12.º CT1















                                                                                                    Francisco
                                                                                                    Borba, n.°
                                                                                                     9, 11AV1

















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