Page 7 - DivulgTrimestre1Novas
P. 7
OUTROS — LITERATURA
ublicado em 1919, com o pseudónimo Emil Sinclair, Demi-
an conta-nos a história de uma difícil caminhada para a
maturidade, que culmina nos dias sombrios da Primeira
Guer
P ra Mundial. Os seus protagonistas - o enigmático Max
Demian e o narrador, o jovem Emil Sinclair - erguem, ao longo das
páginas deste romance, um inesquecível grito de revolta contra os
processos de uniformização então predominantes e contra a barbá-
rie massificada que viria a constituir a marca mais característica do
século XX.
Demian é um brilhante retrato psicológico de alguém que rompe
com as convenções sociais em busca da realização espiritual e do
autoconhecimento. Influenciado pelas ideias de Carl Jung, fundador
da psicologia analítica, mas também pela sabedoria oriental, Hesse
interroga-se acerca da natureza humana, com as suas contradições
e dualidades, e aborda muitos dos seus temas característicos, al-
guns dos quais haveria de retomar em Siddhartha.
Romance cuja influência Thomas Mann comparou à de Werther de Goethe, Demian continua a marcar
gerações de leitores, pois, como todas as obras-primas, a mensagem que contém é de perene inte-
resse.
O mais admirável êxito de Hesse e um dos mais importantes livros do século XX.
A
s novas mil e uma noi-
tes é um livro de histó-
rias. Nem outra coisa
poderia ser, já que tal título —
New Arabian Nights, no original
inglês — nos remete direta e ime-
diatamente para a fabulosa e fa-
mosíssima coletânea das Mil e
uma noites.
Xerazade, tal como o ignorado
árabe que escreveu as histórias
que ela contou, era senhora dos
recônditos segredos dessa arte por
tantos praticada e por tão poucos
conseguida. Também assim acon-
teceu com Robert Louis Stevenson, que, após a conclusão de cada uma das histórias que coligiu sob
os títulos de O clube dos suicidas e O diamante do rajá, nos faz saber que delas teve conhecimento
por intermédio de um suposto manuscrito redigido por um misterioso autor árabe.
Com estas discretas alusões, Stevenson não nos revela apenas a sua admiração pelas histórias
das Mil e uma noites. Diz-nos também que o seu objetivo, ao escrever umas Novas mil e uma noi-
tes, era idêntico ao de Xerazade; ou seja, o Escocês das Arábias — chamemos-lhe assim — preten-
de apenas que quem o leia possa passar o tempo sem se dar conta de que o tempo voa, tal como
aconteceu com o príncipe árabe, aquele que julgava ser o dono e o senhor de Xerazade. A publica-
ção deste segundo volume encerra a publicação desta obra admirável na Assírio & Alvim.