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OUTROS — LITERATURA




                                                    ublicado em 1919, com o pseudónimo Emil Sinclair, Demi-
                                                    an  conta-nos  a  história  de  uma  difícil  caminhada  para  a
                                                    maturidade,  que  culmina  nos  dias  sombrios  da  Primeira
                                                    Guer
                                           P ra Mundial. Os seus protagonistas - o enigmático Max
                                           Demian e o narrador, o jovem Emil Sinclair - erguem, ao longo das
                                           páginas deste romance, um inesquecível grito de revolta contra os
                                           processos de uniformização então predominantes e contra a barbá-
                                           rie massificada que viria a constituir a marca mais característica do
                                           século XX.
                                           Demian é um brilhante retrato  psicológico de alguém que rompe
                                           com  as convenções  sociais  em  busca  da  realização  espiritual  e  do
                                           autoconhecimento. Influenciado pelas ideias de Carl Jung, fundador
                                           da psicologia analítica, mas também pela sabedoria oriental, Hesse
                                           interroga-se acerca da natureza humana, com as suas contradições
                                           e  dualidades,  e  aborda  muitos  dos  seus  temas  característicos,  al-
                                           guns    dos    quais   haveria    de    retomar    em    Siddhartha.
         Romance cuja influência Thomas Mann comparou à de Werther de Goethe, Demian continua a marcar
         gerações de leitores, pois, como todas as obras-primas, a mensagem que contém é de perene inte-
         resse.

         O mais admirável êxito de Hesse e um dos mais importantes livros do século XX.


                                                                            A



                                                                                       s novas mil e uma noi-
                                                                                       tes é um livro de histó-
                                                                                       rias.  Nem  outra  coisa
                                                                            poderia  ser,  já  que  tal  título  —
                                                                              New  Arabian  Nights,  no  original
                                                                            inglês — nos remete direta e ime-
                                                                            diatamente  para  a  fabulosa  e  fa-
                                                                            mosíssima  coletânea  das  Mil  e
                                                                            uma noites.

                                                                            Xerazade,  tal  como  o  ignorado
                                                                            árabe  que  escreveu  as  histórias
                                                                            que  ela  contou,  era  senhora  dos
                                                                            recônditos segredos dessa arte por
                                                                            tantos  praticada  e  por  tão  poucos
                                                                            conseguida.  Também  assim  acon-
          teceu com Robert Louis Stevenson, que, após a conclusão de cada uma das histórias que coligiu sob
          os títulos de O clube dos suicidas e O diamante do rajá, nos faz saber que delas teve conhecimento
          por intermédio de um suposto manuscrito redigido por um misterioso autor árabe.

          Com  estas  discretas  alusões,  Stevenson  não  nos  revela  apenas  a  sua  admiração  pelas  histórias
          das Mil e uma noites. Diz-nos também que o seu objetivo, ao escrever umas Novas mil e uma noi-
          tes, era idêntico ao de Xerazade; ou seja, o Escocês das Arábias — chamemos-lhe assim — preten-
          de apenas que quem o leia possa passar o tempo sem se dar conta de que o tempo voa, tal como
          aconteceu com o príncipe árabe, aquele que julgava ser o dono e o senhor de Xerazade. A publica-
          ção deste segundo volume encerra a publicação desta obra admirável na Assírio & Alvim.
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