Page 15 - Na Teia - Mauro Victor V. de Brito
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repressão normalizada no período anterior, impulsionada agora

           pela descoberta dos primeiros casos de AIDS no país. O que se
           segue à Operação são violentos assassinatos de travestis e mulhe-
           res transexuais nas ruas da capital paulista, sem que haja a prisão
           de suspeitos ou autores, muito menos profundas investigações por
           parte da justiça acerca dos crimes.
             Trinta anos depois, em 2017, é possível observar uma nova acen-
           tuação da repressão policial a travestis na cidade de São Paulo,

           fato que coincide com a criação de um projeto da Prefeitura para
           revitalizar o Largo do Arouche, ponto que se tornou referência
           para a população LGBT na cidade. Com forte ocupação de traves-
           tis e mulheres trans, o projeto apresentado não incluía qualquer
           ação voltada a esses ocupantes, que, por sua vez, se organizam
           e reagem contrariamente à implementação do projeto. Em um
           âmbito nacional, toma força o discurso pela volta da moral e a
           preservação dos costumes da família tradicional, impulsionada
           pela eleição presidencial que empossou Jair Messias Bolsonaro,

           forte opositor à população não heterossexual. Os meses seguintes
           à apresentação do projeto para a reforma do Arouche são marca-
           dos por prisões arbitrárias e brutais assassinatos em ruas do centro
           paulistano contra a população travesti, aos gritos de “Bolsonaro
           presidente”, segundo testemunhas.
             Ao passo que testemunhamos a imposição de uma racionalidade
           que pretere os corpos LGBT’s na sociedade brasileira, observa-

           mos, no mesmo período, uma primeira grande onda que pauta a
           luta pela libertação das sexualidades e identidades de gêneros no
           país, que impulsiona iniciativas público e privada a colocarem o
           assunto na agenda do dia. Criado em abril de 2016, o Coletivo
           Arouchianos, tem por objetivo garantir a ocupação LGBT na


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