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todas as suas formas e, para manter este relacionamento mais estreito e
constante, formou com eles um grupo mais ou menos fixo cuja finalidade
declarada era à prática inocente e flagrantemente elitista da degustação de
charutos.
Após lautos jantares nas residências de um e outro, quando as senhoras se
retiravam para formarem suas rodas de conversas e os homens geralmente
ocupavam as bibliotecas ou os escritórios e se serviam de bons conhaques para
prepararem os paladares para os puros, Victor aproveitava para abordar o
assunto da corrupção que parecia ter se tornado prática constante no governo
central do país.
Nestas oportunidades falava da sua preocupação com a deterioração de alguns
pilares da moralidade e da observação das fórmulas para o bom convívio e
sobre a necessidade de uma vigilância constante ao correto, ao honesto e ao
lícito.
Acostumou-se a receber no casarão Gatopardo, todos os sábados à tarde, seus
amigos mais chegados e arduamente cultivados e todos aqueles cujas opiniões
se identificavam melhor com o que ele próprio pensava.
Contaminados pela persistência com que ele defendia suas ideias, outros
grupos também começaram a finalizar jantares e reuniões festivas com
rodadas de degustação de charutos. E logo eram comuns os amplos debates
entre uma e outra baforada azulada do tabaco.
Rapidamente estas reuniões evoluíram do hábito observado apenas entre
alguns grupos, para uma verdadeira mania regional. E pode-se afirmar que
nesta época não acontecia em Terra Alta um único encontro familiar ou entre
amigos que não acabasse com uma sessão mais ou menos formal para a
degustação de puros e isso cresceu até virar uma extensão do hábito nacional
do cafezinho.