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sua participação na contratação dos espiões ou eram bons atores resolvidos a
manter as aparências de confiança na pessoa dele.
Victor resolveu ser mais cauteloso. A barbárie do crime acabou convencendo-
o de que os Yana tinham mesmo alguma ilegalidade muito séria a esconder,
só isso explicaria as mortes brutais dos três espiões. A produção do terrível
psicotrópico começou a parecer a Victor uma possibilidade real, mas que
precisaria de outro momento para ser investigada.
Aproximavam-se as eleições estaduais. Victor e os Astu Ninan pretendiam
apoiar a reeleição do atual governador, mas a questão dos Yana ameaçava se
transformar no estopim que iria implodir a candidatura. Não era possível
deixar o ocorrido sem a resposta de uma ação enérgica.
Os responsáveis pelo linchamento tinham que se apresentar à lei para serem
julgados, mas os Yana se recusavam a permitir a entrada da polícia e não
concordavam em entregar ninguém, alegando que se tratava de um assunto
interno à comunidade e que agiriam segundo suas próprias leis. Fariam seu
próprio julgamento. Sem permitirem a entrada de ninguém de fora em
Mayuasiri Pacha pelo tempo que julgassem necessário.
Forçar a entrada seria arriscar-se a ter um massacre nas mãos em que os Yana
estavam dispostos a sacrificar mulheres, velhos e crianças.
A oposição estava fazendo da história toda uma tenda de retalhos da
administração pública e da pessoa do governador. Acusavam-no, desde ser
um fraco inepto incapaz de manter a lei no Estado, até de esconder interesses
escusos em relação à comunidade dos Yana e lucrar com o comércio da droga.
A entrada da polícia na comunidade, à força se necessário, já era uma
necessidade premente.
Victor teve uma reunião com o sogro, com os primos Astu Ninan e com o velho
juiz Granzia e informou que iria a público falar sobre a verdadeira identidade