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Perguntas, tais como por que não foram os três homens presos pelos cinco
jovens e vigorosos Yana que se apresentaram como testemunhas do ocorrido
e que em maior número poderiam ter imobilizado os supostos agressores
anulando o perigo e evitando o linchamento, nunca foram satisfatoriamente
respondidas. E o mesmo sobre as contradições nas declarações que descreviam
a menina, quase vítima de estupro, com sua idade variando desde sete até
doze anos, ou ainda sobre as identidades de todos os envolvidos.
A tragédia ganhou as manchetes acusando os Yana de um assassinato brutal.
Nem mais nem menos. Por motivo fútil, por não terem, os três marceneiros se
mostrado à altura das exigências da comunidade durante o tal período de
treinamento.
O ódio contra os Yana chegou a proporções alarmantes. Incidentes de
desrespeito com xingamentos e agressões quando eles eram vistos na cidade
começaram a ser frequentes e muito violentos.
Também se intensificaram as pichações em locais destacados e as antigas
acusações de produtores e traficantes de drogas incrementaram-se às de
assassinos.
Victor estava consciente de que em breve, se as coisas não se esclarecessem,
poderiam começar a aparecer nas frases dos muros os nomes Astu Ninan e
Gatopardo. Mas se via numa situação desastrosa, sabendo da verdade e sem
poder explicar como. As únicas providências que se atreveu a tomar foram
confessar ao sogro ter apoiado a iniciativa dos primos Astu Ninan, o que lhe
valeu uma admoestação severa, e procurar um aconselhamento numa
conversa informal com o velho juiz Granzia que lhe disse para não fazer
absolutamente nada até que a polícia, encarregada das investigações, se
pronunciasse.
Enquanto isso Victor procurou agir com a maior naturalidade diante das
circunstâncias e não sentiu nenhuma diferença no tratamento que lhe
dispensavam os líderes Yana. Ou eles realmente não sabiam que Victor tivera