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dos três homens que haviam sido mortos, para tentar justificar, ainda que em
parte, a ação dos Yana e dar mais tempo ao governador. Mas logo ficou
evidente que de nada adiantaria porque o fato dos três homens estarem
espionando não justificava o linchamento. Ao contrário, piorava às coisas na
medida em que fazia aumentar a desconfiança do envolvimento dos Yana com
a produção e o tráfego de drogas.
Victor foi obrigado a concordar com o sogro quando ele raciocinou que os
Yana foram inteligentes alegando que o linchamento ocorrera para defender
uma menina ameaçada de estupro. Podia não ser dentro da lei, mas era
explicável e para muitos até aceitável. O problema é que a história toda havia
sido muito mal contada e precisaria ser melhorada.
Sob todos os pontos de vista pareceu-lhes a melhor saída, corroborarem a
versão do estupro e fazer compreensível e tolerável a violência pelas
circunstâncias que a explicaram, embora fosse preciso condenar
veementemente o grau alarmante de agressividade. Era preciso esvaziar a
munição da oposição contra o governador e evitar a qualquer custo a invasão
a Mayuasiri Pacha.
Concordaram em sugerir ao governador mudar seu discurso e sua postura,
buscar um acordo com os anciãos Yana, inclusive com relação ao assunto das
drogas. Por aquele momento tudo precisava ser silenciado, abafado,
desconsiderado. Interesses maiores e mais urgentes pediam isso.
A Victor caberia convencer os lideres Yana.
Estavam em início de julho e os dias de inverno faziam mais pesadas as neves
eternas nos picos das montanhas.
Cesar chegou à cidade viajando incógnito como se habituara a fazer sempre
que vinha passar uns dias em casa. Seu mais novo livro havia sido lançado há
uma semana e já era considerado um fenômeno em vendas. Os críticos
estavam fazendo um estardalhaço apontando o trabalho como o mais