Page 180 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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como se explicando como seria para se relacionarem e para ficarem juntos
para o resto da vida, submetendo à aceitação dela a pessoa que ele era e a sua
forma de vida porque ele já não conseguia mais viver sem ela.
E Isabeau subitamente apaziguada em suas dúvidas e medos sorriu
retribuindo-lhe os beijos e o abraço. Tomou-o para si pensando que naquele
momento ele não partiria. Respondeu para a declaração dele. “__Mas hoje
você está aqui.”
E assim foi naquele dia e nos muitos outros dias, por longos quatro anos.
A vida no Casarão Gatopardo assumiu uma dimensão que Victor nunca
suspeitara. Com mais alegria, mais empolgação, com a energia do amor dos
jovens contaminando tudo e despertando a simpatia de todos que
frequentavam as vastas salas antigas.
A embriagues desse amor não deixava espaço para nenhuma esperança de
serenidade e controle. Amavam-se com ardor, com sofreguidão, com desespero
e envolviam todos e tudo nesta loucura de desejarem-se e amarem-se acima
de qualquer coisa.
Começou a ser comum Victor ser cumprimentado por seus amigos
havanófilos, que vinham todos os sábados à tarde para a degustação de puros,
elogiando a beleza do casal. E a princípio o Gatopardo ficou intrigado porque
não se achava responsável de nenhuma maneira por aquele relacionamento.
Mas ele acabou reconhecendo que estava tendo muita satisfação com as
extravagâncias daquela nova rotina de risos e rodopios. Via Isabeau feliz
como nunca e seu conhecimento sobre Jacques e seu convívio diário,
independente do que ele representava para a neta, despertou em Victor um
sentimento de amizade que ele já havia se resignado a não encontrar nessa
vida e desistido de procurar.
Jacques foi a única pessoa por quem Victor Gatopardo conseguiu sentir uma
amizade genuína, profunda e sincera e completamente desinteressada.