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Todos os demais eram, em algum grau, agentes de interesse em algum plano
para a consecução de seus projetos. Mesmo Cesar e Isabeau por serem seus
parentes mais próximos e especialmente pela tragédia que vitimara os demais
membros da família, muito além do afeto que Victor pudesse ter cultivado
incansavelmente por eles, representavam, mais do que qualquer outra coisa,
seu sucesso familiar.
E o grau de responsabilidade que Victor sentia pelo bem estar deles, que era
enorme, estava diretamente relacionado à percepção desse sucesso.
Mas isso não valia para Jacques.
Jacques Lan conquistou a admiração, o respeito e a amizade do Gatopardo
principalmente por sua qualidade moral. Victor reconhecia-o como um ser
humano bom, pura e simplesmente e acima de qualquer outro predicado e
admirava-o por sua inteligência, honradez, determinação, capacidade de
trabalho e por demonstrar uma saudável ambição.
Victor via muito do jovem que ele próprio fora em Jacques, mas o considerava
infinitamente melhor do que jamais tinha sido porque Jacques era capaz de
algo que Victor nunca conseguiu. Jacques era capaz de amar. E não um amor
qualquer, mas o amor incondicional, pleno, definitivo, profundo e verdadeiro.
De uma maneira estranha, talvez até questionável em sua legitimidade,
Victor começou a se sentir redimido em uma parte ínfima, mas ainda assim
importante, daquele defeito de sua alma, o seu segredo. Redimido por um
homem como Jacques, que ele valorizava acima de qualquer outro, conseguir
se realizar no amor de maneira tão sublime através de Isabeau. Pois afinal ele,
Victor, tinha alguma responsabilidade na formação desta mulher e era ela a
mulher amada por Jacques Lan.
Então quando cumprimentado acerca do relacionamento de Isabeau e
Jacques que invadiu o casarão Gatopardo de emoções e que brincava com a
imaginação de Victor associando o desassossego da paixão ao vendaval de