Page 302 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
P. 302
uma espontaneidade tão inesperada que fascinava muito antes de ser
inteligível.
Às vésperas de seus vinte e cinco anos e com mais um coração partido numa
longa lista de antigas paixões desiludidas, havia decidido permanecer isolado
por algum tempo, até que as emoções se acalmassem, até poder respirar e
expirar sem dor, até poder se deixar ficar ao sol sem temer expor a sombra.
Mas seu mais novo antigo amor, inconformado com o término do romance,
conspirou de forma enlouquecida e nunca totalmente explicada para publicar
um livro com alguns dos mais expressivos contos de Cesar.
Ficou muito claro que o parentesco do jovem italiano com um dos sócios
fundadores da grande editora responsável pela publicação foi o que
possibilitou essa prova de dedicação.
Cesar entrou no grande salão preparado com uma recepção de gala e luxo para
o lançamento do seu primeiro livro e foi saudado e recebido por ninguém
menos do que León Tiithee, à época, festejado como um prodígio dos negócios
e o mais jovem diretor do império de comunicação da sua família, que um dia
ele dirigiria com mão de ferro e individualmente.
Foi o começo de uma relação muito lucrativa para ambos e contra todas as
probabilidades, também o começo de uma grande amizade. A partir deste
encontro León Tiithee se transformou em um dos mais próximos e sinceros
amigos de Cesar Astu Ninan. Uma amizade que Cesar cultivou com esmero e
manteve pelo resto da sua vida.
Em muitas ocasiões Cesar descreveu a si mesmo como um homem de
pouquíssimos bons amigos, costumava dizer que podia contá-los nos dedos de
uma mão e lhe sobravam dedos. León Tiithee era um desses poucos e se
considerava verdadeiramente privilegiado porque reconhecia em Cesar uma
genialidade real, mas mais importante do que isso, percebia nele uma
capacidade, um dom, um poder, ou como se queira chamar... uma condição
especial que lhe permitia transcender a percepção comum, ir além do