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uma  espontaneidade  tão  inesperada  que  fascinava  muito  antes  de  ser
                      inteligível.


                      Às vésperas de seus vinte e cinco anos e com mais um coração partido numa
                      longa lista de antigas paixões desiludidas, havia decidido permanecer isolado
                      por algum tempo, até que as emoções se acalmassem, até poder respirar e
                      expirar sem dor, até poder se deixar ficar ao sol sem temer expor a sombra.
                      Mas seu mais novo antigo amor, inconformado com o término do romance,
                      conspirou de forma enlouquecida e nunca totalmente explicada para publicar
                      um livro com alguns dos mais expressivos contos de Cesar.

                      Ficou  muito  claro  que  o  parentesco  do  jovem  italiano  com  um  dos  sócios
                      fundadores  da  grande  editora  responsável  pela  publicação  foi  o  que
                      possibilitou essa prova de dedicação.

                      Cesar entrou no grande salão preparado com uma recepção de gala e luxo para
                      o  lançamento do seu  primeiro livro  e  foi  saudado  e  recebido  por  ninguém
                      menos do que León Tiithee, à época, festejado como um prodígio dos negócios
                      e o mais jovem diretor do império de comunicação da sua família, que um dia
                      ele dirigiria com mão de ferro e individualmente.


                      Foi o começo de uma relação muito lucrativa para ambos e contra todas as
                      probabilidades, também o começo de uma grande amizade. A partir deste

                      encontro León Tiithee se transformou em um dos mais próximos e sinceros
                      amigos de Cesar Astu Ninan. Uma amizade que Cesar cultivou com esmero e
                      manteve pelo resto da sua vida.

                      Em  muitas  ocasiões  Cesar  descreveu  a  si  mesmo  como  um  homem  de
                      pouquíssimos bons amigos, costumava dizer que podia contá-los nos dedos de
                      uma  mão  e  lhe  sobravam  dedos.  León  Tiithee  era  um  desses  poucos  e  se
                      considerava verdadeiramente privilegiado porque reconhecia em Cesar uma
                      genialidade  real,  mas  mais  importante  do  que  isso,  percebia  nele  uma
                      capacidade, um dom, um poder, ou como se queira chamar... uma condição
                      especial  que  lhe  permitia  transcender  a  percepção  comum,  ir  além  do
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