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A princípio Cesar duvidou do que ouvia, pensou que era uma nova forma de
                      alucinação,  mas  a  brisa  recomeçou  seu  soprar  mínimo  e  mais  uma  vez  o
                      galhinho se agitou puxado pela teia brilhante e cantou.


                      E então Cesar compreendeu qual a única forma de compor a canção com a
                      vibração exata para a cura da vida. E a partir de então todo seu trabalho
                      mudou.

                      Começou pela coleta dos sons, de todos os sons da natureza que podia ouvir,
                      intuir, imaginar. Passou a grava-los com obsessão idêntica com a que escrevia
                      metros  e  metros de  notas  sobre  as  pautas  musicais. Comprou os  melhores
                      equipamentos  gravadores  que  encontrou,  os  mais  sensíveis  e  precisos  e
                      instruiu Loop a ajudá-lo. Buscava incessantemente captar os sons, qualquer
                      som,  mas  em  especial  aqueles  mínimos,  impossíveis  aos  seres  humanos,
                      porque  Cesar  intuiu  que  nesses  sons  inaudíveis  havia  às  correspondências
                      especiais que ele procurava. Depois, na comodidade da sua sala de música
                      ficava  horas  infinitas  tentado  ouvir  os  sons  inaudíveis,  vezes  sem  conta
                      reproduzia cada gravação sentindo as vibrações, aprendendo a ressoar com
                      elas, ouvindo o inaudível e percebendo o imperceptível.

                      A pequena ilha branca virou sua sala de estudos.


                      Viviam cada vez mais fora, em meio à natureza.

                      E  foi  por  essa  época  que  Cesar  começou  um  diário  em  que  anotava
                      minuciosamente cada descoberta de cada dia. Chamou-o “O tecer da teia.”

                      A obra se transformou, anos depois quando León Tiithee a descobriu, num
                      livro  extraordinário,  uma  obra  de  arte  com  desenhos  e  com  centenas  de
                      anotações e descrições de notas musicais reconstituindo todo e qualquer som
                      em cada uma das suas variações e combinações possíveis.

                      Podia-se encontrar capítulos inteiros sobre, “barulhinhos do rolar de grãos de
                      areia com brisa suave”, “sons dos botões de rosas se abrindo ao sol”, “sons das
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