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              Que relação tem o gênio filosófico com a arte? Da relação direta,
       pouco tem a aprender. Devemos perguntar: O que é, em sua filosofia, a
       arte? A obra de arte? O que resta quando seu sistema como ciência é
       aniquilado? Ora, deve ser precisamente esse resíduo que domina o instinto
       do saber, logo o que aí se encontra de artístico. Por que é necessário
       semelhante freio? Porque, considerado de um ponto de vista científico, é
       uma ilusão, uma não-verdade, que engana o instinto do conhecimento e só
       satisfaz provisoriamente. O valor da filosofia nessa satisfação não diz
       respeito à esfera do conhecimento, mas à esfera da vida; a vontade de
       existência utiliza a filosofia com a finalidade de uma forma superior de
       existência. Não é possível que a arte e a filosofia possam se dirigir contra a
       vontade: a própria moral está a seu serviço. Uma das formas mais
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       delicadas da existência, o Nirvana relativo.

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              É a beleza e a grandeza de uma construção do mundo (aliás, a
       filosofia) que decidem agora sobre seu valor — dito de outra forma, ela é
       julgada como uma obra de arte. Provavelmente sua forma sofrerá
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       transformações! A rigorosa formulação matemática (como em Spinoza ,
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       que causava em Goethe uma impressão tão apaziguadora, justamente não
       tem mais direito de cidadania senão como meio de expressão estética.

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              É necessário estabelecer a proposição: só vivemos graças a ilusões
       — nossa consciência toca a superfície. Muitas coisas escapam a nosso
       olhar.




              11  Paraíso do budismo, o Nirvana (do termo sânscrito idêntico que significa extinção) constitui a última
              etapa da contemplação, na qual a dor inexiste e a verdade é totalmente possuída, como decorrência da
              integração do indivíduo no ser universal, num amplexo definitivo com a divindade suprema. Em outras
              palavras, é a libertação final e total da incompletez da vida terrena (NT).
              12  Baruch de Spinoza (1632-1677), filósofo holandês de ascendência portuguesa; dentre suas obras,
              Tratado sobre a reforma do entendimento já foi publicada, em edição bilíngüe, nesta coleção da
              Editora Escala (NT).
              13  Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), literato, político e erudito alemão (NT).
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