Page 156 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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– Um motel fora da cidade. Um lugar chamado Recanto do Descansado.
– Não saia do seu quarto. Eu apareço aí nas próximas horas.
A linha fica muda. Mcavoy se recosta, passa as mãos por entre os poucos
cabelos. Ele nem sequer se permite ficar animado. Já se decepcionou muitas
vezes. Mas, se isso for verdade, vai ser algo grande.
Agarra o casaco, segue na direção da saída. Urich olha enquanto ele passa.
– Indo para casa?
Mcavoy não resiste ao impulso de se vangloriar.
– Grande história.
– Ah, é?
– Sim. Informantes da máfia e policiais corruptos. O normal.
Ele se agita por dentro ao ver os olhos de Urich se arregalando. É isso aí,
novato. Engole essa.
Talvez essa seja a grande história. Talvez essa seja a que vai fazer seu
nome ficar conhecido. Aquela que vai fazer Hollywood vir atrás dele.
Deixa o escritório, imaginando quem faria seu papel em um filme.
• • • •
– Então… – o detetive Slattery se recosta em sua cadeira. As molas
rangem e gemem, e Mcavoy está convencido de que ela vai desabar sob o
peso dele. – Você está dizendo que essa pessoa anônima quer se virar contra
Rigoletto…
– Não. Rigoletto está morto. Ele quer ser testemunha contra o novo chefe.
– Certo. Desculpe. E, em troca, ele quer ser colocado no Programa de
Proteção à Testemunha?
– Um pedido razoável. – Mcavoy beberica o uísque que Slattery lhe
serviu. Ele sabe que Slattery já tinha bebido antes de chegar.
– Apenas ligue para o Bureau.
– Claro. – Slattery coloca a cadeira para a frente e pega o telefone. Então
ele olha para Mcavoy fingindo surpresa.
– Peraê. Não tenho o telefone do FBI na discagem rápida.
– Espertinho. Deve haver algum tipo de procedimento para esse tipo de
coisa. Eu poderia simplesmente ter pegado a história com ele e colocado