Page 205 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Ele se aproxima do rebanho trêmulo do lado de fora da loja. Um dos
idiotas acendeu uma pequena fogueira dentro de uma velha lata de tinta. As
chamas estão verde-azuladas, e Clay pode sentir o cheiro de plástico
queimado enquanto se aproxima. Idiotas. São tão estúpidos que nem
conseguem encontrar madeira para queimar.
Ele avista Sylvio na mesma hora – alto e magro, os cabelos pretos
arrepiados em um tipo de estilo punk. É moda, ou apenas não foi lavado?
Quem se importa? Fica irritado com ele mesmo por se dar ao trabalho de até
mesmo pensar nisso. Sylvio o avista e agarra a namorada. Sally Santa,
como a chamam. Clay não faz ideia de como seja o nome real dela.
Pequena, magra. Maçãs do rosto protuberantes. Clay está cansado dela.
Sabe que ela pensa pelos dois, por Sylvio e por si mesma. Seus olhos têm
certa inteligência – não, certa astúcia. Ela lembra uma raposa selvagem.
Sempre pronta para fugir.
Clay dá a volta pelos fundos da loja e segue para o estacionamento. Há
dois carros ali, entre vinte lugares vazios.
Uma única luz no centro do terreno lança um brilho amarelo por sobre a
neve imperturbável.
Clay caminha até a luz. Espera ali, saltando de um pé para o outro
enquanto os outros dois o alcançam.
– E aí, Clay? – Sylvio pergunta. Ansioso, excitado. – Tem outro serviço
para nós?
Clay semicerra os olhos.
– Onde está o Quecaraessa? O cara que você me arrumou para ajudar com
a edição?
Sylvio e Sally trocam olhares. Culpados pra caramba, mas tentando
esconder. Achando que são mais espertos que ele. Que podem conseguir
sair dessa.
– Ele foi ver o velho dele – diz Sylvio.
– É mesmo? Me diga… o que você diria se eu contasse que o amigo de
vocês está morto?
Sem resposta.
– Não? Nada?