Page 243 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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fez.  Desde  o  dia  no  hospital  em  que  aprendeu  a  lidar  com  suas  novas

                habilidades.
                  Ele derruba todas as paredes do quarto em sua mente e deixa todos seus
                sentidos abertos.

                  Todos se lançam sobre ele, um tsunami de som, odores e toques. O mundo
                entra  em  um  foco  que  ele  nunca  soube  que  existia.  A  única  vez  em  que

                vivenciou algo remotamente parecido com isso foi depois de seu acidente. E
                naquela época isso quase o enlouqueceu.

                  Agora… agora é como um despertar. Ele tem um sentido de 360 graus dos
                seus arredores sem precisar olhar ou ouvir. O mundo desacelera, se abre, se

                revela para ele como uma flor desabrochando no sol depois de um longo e
                escuro inverno.
                  Ele dá um golpe com o pé e atinge bem na garganta um agressor que vem

                por trás em sua direção. Puxa o pé de volta, golpeia com o joelho, atingindo
                um brutamonte que estava bem na sua frente, no nariz. O sangue espirra. A

                cartilagem se estilhaça. Ele ataca com o pulso e acerta outro na garganta.
                Usa  o  cassetete  para  golpear  e  atinge  alguém  no  olho.  Continua  se

                movimentando,  dando  golpes  incapacitantes.  Garganta,  virilha,  olho.
                Mirando para machucar, para mutilar.

                  Pouco  antes  de  chegar,  seus  sentidos  lhe  dizem  o  que  está  vindo.  Ele
                antecipa  os  ataques,  ouvindo  o  ar  sendo  fatiado  enquanto  os  punhos
                decolam.

                  Matt usa o cassetete para derrubar uma faca que voa na direção de seu
                rosto. Ela gira no ar e ele a acerta de novo, mandando-a por cima da cabeça

                dos guarda-costas. Então, se vira, dá uma cabeçada em outro agressor.
                  Agora eles estão o cercando. Um círculo mais apertado e mais raivoso.

                Está  perdendo  a  vantagem  da  distância.  Seus  membros  são  esmagados
                contra seu corpo. Ele pode ouvi-los chegando, antecipar os socos, mas não

                pode detê-los. Os socos recaem sobre ele. Golpes em seus rins, nas costas,
                no pescoço.
                  Ele usa o cotovelo, a parte detrás da cabeça. Em vez de socos, agarra e

                puxa, torce e rasga com uma fúria primitiva. O círculo se expande diante
                dessa ferocidade, o suficiente para que ele volte a socar, a usar o cassetete.
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