Page 33 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Ele  finalmente  para  de  rolar,  estacionando  frouxamente  sobre  o  piche

                quente.  Olha  fixamente  para  a  superfície  cinza-escuro.  Um  pedaço  de
                chiclete grudado no asfalto.
                  Mais sons de batidas e de algo rolando. Os tambores ainda se movem pela

                rua. Um deles pode esmagá-lo. Ele deveria se levantar, deveria procurar um
                lugar  seguro.  Dolorosamente,  mexe  a  cabeça,  tentando  ver  onde  estão  os

                tambores.
                  Um deles passa girando por ele. Vê o fluido grosso voando pelo ar. Perto

                demais. Ele tenta se esquivar, mas é tarde demais.
                  O líquido espirra em seus olhos.

                  Matt grita.
                  Uma dor instantânea e borbulhante irrompe. Carvões vermelhos em brasa
                triturando  suas  retinas.  Arames  farpados  se  esfregando  em  seus  globos

                oculares. Uma navalha movendo rapidamente, fatiando, cortando seus olhos
                em tiras.

                  Ele agarra os olhos. A luz lentamente desvanece ao seu redor.
                  Das  luzes  brilhantes  de  uma  tarde  de  verão  para  a  dor  vermelho-vivo,

                lampejante e rápida.
                  Da dor vermelho-vivo para pulsos púrpuras. No começo, rápido, e, então,

                cada vez mais lentos, mudando de púrpura para negro. Púrpura e negro.
                  E então somente a escuridão…
                  Então somente a dor.

                                                           • • • •

                  Um milhão de vozes gritam em seus ouvidos, e Matt pode ouvir cada uma
                delas. Guinchando, berrando, esgoelando. É como estar ao lado de um alto-

                falante com o volume no máximo. Nunca para. Mesmo quando ele dorme.
                Uma  barragem  de  sons:  carros,  caminhões,  pessoas.  O  rosnado  de

                motocicletas, o estalo de pés nos pisos. Crianças brincando lá fora.
                  Pessoas  sussurrando,  pessoas  falando  –  é  tudo  a  mesma  coisa  para  ele:

                tortura.  Sons  sem  filtro,  mais  altos  do  que  qualquer  coisa  que  ele  já
                vivenciou,  ocupam  todo  o  espaço  de  sua  mente,  expulsando  qualquer
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